REVOLUÇÕES AMERICANA E FRANCESA: LUTA POR LIBERDADE OU LIBERTAÇÃO?

Autores

  • Maria Cristina Müller

Palavras-chave:

liberdade, libertação, Hannah Arendt, Revolução Americana, Revolução Francesa.

Resumo

Objetiva-se compreender a diferença entre os conceitos de liberdade e libertação a partir da análise empreendida por Hannah Arendt na obra Da Revolução acerca das Revoluções Americana e Francesa. A partir de tal diferenciação buscar-se-á resgatar o legado das Revoluções Americana e Francesa e o sentido da política para o mundo contemporânea. Para Arendt, os homens das Revoluções Americana e Francesa foram lançados na atividade pública por seus atos de libertação; aos poucos, construíram o espaço da liberdade e, ao mesmo tempo, se prepararam e tomaram gosto pela ação. Desse modo, a novidade que a revolução trouxe a esses homens foi justamente a experiência, a eles estranha, de serem livres e de poderem iniciar algo novo no mundo público. Assim, a relevância das Revoluções Americana e Francesa está alicerçada na ideia de liberdade e não apenas na conquista de direitos civis – direito de se reunir e peticionar e direito à locomoção. Arendt assevera que somente é possível falar de revolução quando a ideia de liberdade – o pathos de novidade – estiver presente unida à ideia de mudança, isso é, de um novo princípio que dê origem a um novo corpo político. A ideia de liberdade pode confundir-se com a ideia de libertação de qualquer forma de tutela; no entanto, mesmo que a fronteira entre libertação e liberdade seja sutil e suscite alguma incerteza, os conceitos não são o mesmo.As conquistas da libertação não podem resumir a história da liberdade e, mais importante que isso, não podem garantir a efetivação da atividade política e a constituição do domínio público no mundo. Se a luta por libertação – livrar-se da tutela da religião ou dos governos absolutistas – não pode ser confundida com a luta por liberdade, e esta – a luta por liberdade – é o que efetivamente marca as revoluções, mais grave se torna a questão quando se subverte a luta por libertação por lutas mais urgentes ou pessoais: satisfação de necessidades vitais, no caso da Revolução Francesa, e satisfação do bem-estar pessoal, no caso da Revolução Americana. Como efetivar a atividade política e a liberdade se a preocupação é com interesses vitais ou pessoais?

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Edição

Seção

Dossiê do I Encontro de Filosofia Política Contemporânea

Como Citar

Müller, M. C. (2014). REVOLUÇÕES AMERICANA E FRANCESA: LUTA POR LIBERDADE OU LIBERTAÇÃO?. Cadernos De Ética E Filosofia Política, 2(23), 64-77. https://revistas.usp.br/cefp/article/view/74742