O imaginário como estrutura semiótica dos sintomas positivos da psicose paranoica: uma interface entre semiótica cognitiva e psicanálise
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.1980-4016.esse.2020.161243Palavras-chave:
Semiótica cognitiva, Psicanálise, Psicose paranoica, IconicidadeResumo
A partir de uma análise dos sintomas positivos da psicose paranoica, este artigo propõe uma interlocução entre a semiótica cognitiva e a psicanálise. Pretende-se mostrar que a iconicidade pode constituir um sistema epistemológico que serve de pano de fundo para a semiose delirante. A adesão ao imaginário, característica da psicose lacaniana, torna-se, aqui, equiparável à predominância de um esquema icônico que modula a interação entre o sujeito psicótico e o outro. Por fim, apresenta-se um modelo preliminar da semiose delirante, capaz de oferecer uma inteligibilidade, em termos cognitivos, para o processo empático sobre o qual se desenrola os sintomas positivos da psicose.
Downloads
Referências
BIERMAN, Arthur Kalmer. That There Are no Iconic Signs. Philosophy and Phenomenological Research, v. 23, n. 2, 1963. p. 243-249.
BRANDT, Per Aage. On Consciousness and Semiosis. Cognitive Semiotics, n. 1, 2007. p. 46-64.
BRANDT, Per Aage. From Mirrors to Deixis. – Subjectivity, Biplanarity, and the Sign, 2016a. Disponível em: <https://www.researchgate.net/publication/292606761_From_Mirrors_to_Deixis_-Subjectivity_Biplanarity_and_the_Sign?ev=prf_pub>. Acesso em: 1 nov. 2016.
BRANDT, Per Aage. Deixis – a Semiotic Mystery: Enunciation and Reference. Cognitive Semiotics, v. 9, n. 1, 2016b. p. 1-10.
BRANDT, Per Aage. Word, Language, and Thought – a New Linguistic Model, 2016c. Disponivel em: <https://www.academia.edu/26465142/Per_Aage_Brandt_Word_Language_and_Thought_a_New_Linguistic_Model>. Acesso em: 1 nov. 2016c.
CARDOSO, Mauricio José d’Escragnolle. Peirce, Lacan e a questão do signo indicial. Ágora, v. 15, n. 1, 2012.
CLÉRAMBAULT, Gaëtan Gatian de. Automatisme mental et scission du moi. In: CLÉRAMBAULT, G. G. D. Oeuvre complète. Paris: PUF, 1942.
DALGALARRONDO, Paulo et al. Delírio: características psicopatológicas e dimensões comportamentais em amostras clínicas. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, v. 52, n. 3, 2003. p. 191-199.
DONALD, Merlin. Origins of the Modern Mind. Three Stages in the evolution of Human Cognition. Cambridge: Harvard UP, 1991.
ECO, Umberto. Pour une reformulation du concept de signe iconique. Communications, v. 29, n. 1, 1978. p. 141-191.
ECO, Umberto. Kant and the platypus: Essays on language and cognition. London: Vintage, 2000.
GRIVOIS, Henri. Le Fou et le mouvement du monde. Paris: Grasset, 1995.
HINZEN, Wolfram; ROSSELLÓ, Joana. The linguistics of schizophrenia: thought disturbance as language pathology across positive symptoms. Frontiers in psychology, v. 6, 2015.
LACAN, Jacques. O Seminário, Livro 1: Os escritos técnicos de Freud. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1953-54.
LACAN, Jacques. O Seminário, Livro 2: o eu na teoria de Freud e na técnica da psicanálise. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1954-55.
LACAN, Jacques. O Seminário, Livro 3: As psicoses. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1956-57.
LACAN, Jacques. O Seminário, Livro 5: as formações do inconsciente. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1957-58.
LACAN, Jacques. Le Séminaire, Livre 19: Ou Pire. [S.l.]: Version AFI, 1971-72.
LACAN, Jacques. O Seminário, Livro 23: O sinthoma. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1975-76.
LEPESQUEUR, Marcus. Transitividade na esquizofrenia: comparação dos relatos orais de eventos psicóticos entre grupos clínico e não clínico. Tese de Doutorado em Linguística Teórica e Descritiva: Universidade Federal de Minas Gerais, 2017.
LEPESQUEUR, Marcus. Schémas des interactions sémiotiques dans la construction du sens délirant. Semiotica, v. 2015, n. 205, 2015. p. 207-228.
MELTZOFF, Andrew.; DECETY, Jean. What imitation tells us about social cognition: a rapprochement between developmental psychology and cognitive neuroscience. Philosophical Transactions of The Royal Society B Biological Sciences, v. 358, n. 1431, 2003. p. 491-500.
MILLER, Jacques-Alain. A invenção do delírio. Opção Lacaniana Online, n. 5, 2009.
MORGAGNI, Simone; CHEVALIER, Jean-Marie. Iconicité et ressemblance : une remontée sémiotique aux sources de la cognition. Intellectica, v. 58, 2012. p. 91-171.
PERNISS, Pamela.; VIGLIOCCO, Gabriella. The bridge of iconicity: from a world of experience to the experience of language. Home | Philosophical Transactions of the Royal Society B, v. 369, n. 1651, 2014.
QUINET, Antônio. A paranoia hoje. In: QUINET, A. Na mira do Outro: a paranóia e seus fenômenos. Rio de Janeiro: Rios Ambiciosos, 2002.
ROSENBAUM, Bent.; HARLY, Sonne. The language of psychosis. New York: New York University Press, 1986.
SOLER, Colette. A paranóia no ensino de Jacques Lacan. In: QUINET, A. Na mira do outro: a paranóia e seus fenômenos. Rio de Janeiro: Rios Ambiciosos, 2002.
SONESSON, Göran. That There Are Many Kinds of Iconic Signsn. Visio, v. 1, n. 1, 1998. p. 33-54.
TANDON, Rajiv et al. Definition and description of schizophrenia in the DSM-5. Schizophrenia Research, v. 150, n. 1, 2013. p. 3-10.
TEIXEIRA, Antônio Marcio Ribeiro. A soberania do inútil. São Paulo: Annablume., 2007.
VARELA, Francisco; THOMPSON, Evan; ROCH, Eleanor. A mente corpórea. Lisboa: Instituto Piaget, 1991.
ZANONI, Alfredo. Comment s’orienter dans le transfert. Clinicaps: Impasses da Clínica, n. 1, 2007.
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2020 Marcus Lepesqueur

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.
Os trabalhos publicados na revista Estudos Semióticos estão disponíveis sob Licença Creative Commons CC BY-NC-SA 4.0, a qual permite compartilhamento dos conteúdos publicados, desde que difundidos sem alteração ou adaptação e sem fins comerciais.