O som das canções: ensaio de semiotização do sonoro
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.1980-4016.esse.2014.83483Palavras-chave:
canção, som, músicaResumo
Este artigo sugere uma reflexão sobre o som das canções e uma possível semiotização dos fenômenos sonoros que nelas se manifestam. Partindo da constatação de que as canções contemporâneas são gravadas em estúdio e destinadas a uma audição acusmática reiterada, depreendemos primeiramente as características da sonoridade cancional que procedem de duas manifestações complementares do sonoro, a saber, o som musical e o som musical modelado. Tal observação coloca a necessidade, para a análise semiótica do objeto, de conceitualizar a distinção entre a dimensão musical propriamente dita e a dimensão mais especificamente sonora das canções, uma vez que essas duas modalidades não compartilham o mesmo estatuto teórico. De fato, o som musical resulta da discursivização de um sistema significante abstrato, que é o sistema musical com suas unidades discretas e seus valores, sua sintaxe, suas funções, etc.; o som modelado, em contrapartida, não emana de qualquer sistema significante constituído, mas de uma dimensão plástica a manifestar qualidades sonoras de cunho contínuo e, por isso mesmo, alheias a todo sistema musical. Discutimos, por conseguinte, o estatuto semiótico dessa dimensão sonora, a fim de conferir-lhe operacionalidade na análise semiótica do objeto. Meditada a questão, parece oportuno reconhecer na dimensão do som modelado, à falta de uma semiótica própria e autônoma, a construção de uma representação sonora significante, procedente de uma semiótica de tipo semissimbólico, e operante nos limites do discurso que constrói. Apresentamos, por fim, uma análise circunscrita a uma canção de Sanseverino, pondo em relevo alguns dos modos de significância atuantes nessa dimensão.
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