Linguagem, pulsão e atavismo: análise genética e mapeamento conceitual em torno do problema do inconsciente em Nietzsche e sua relação com o transcendental

Autores

  • William Mattioli Universidade Federal Fluminense

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2318-9800.v22i1p71-98

Palavras-chave:

inconsciente, pulsão, linguagem, atavismo, a priori

Resumo

O objetivo do presente trabalho é esboçar uma análise do desenvolvimento da noção de inconsciente em momentos importantes do pensamento de Nietzsche. Nosso argumento geral gira em torno de duas hipóteses com as quais pretendemos apresentar uma leitura que vai na contramão da visão comum segundo a qual Nietzsche pertenceria à tradição irracionalista do inconsciente, que tem Schopenhauer como seu mais emblemático representante. Trata-se 1) de uma hipótese histórica, que pretende inserir Nietzsche na tradição do inconsciente cognitivo a partir da noção de “representação inconsciente”, e 2) de uma hipótese genético-sistemática, que pretende esboçar um plano de compreensão no tocante ao desenvolvimento da concepção nietzscheana do inconsciente, distinguindo e mapeando algumas noções ao longo de sua produção intelectual.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Referências

Abel, G. (2001). Bewußtsein – Sprache – Natur. Nietzsches Philosophie des Geistes. Nietzsche-Studien, 30, pp.1-43.

Adler, H. (1988). Fundus animae – der Grund der Seele. Zur Gnoseologie des Dunklen in der Aufklärung. Deutsche Vierteljahrschrift für Literatur und Geistesgeschichte, 62, pp.197-220.

Anderson, L. (2002). Sensualism and Unconscious Representations in Nietzsche’s Account of Knowledge. International Studies in Philosophy, 34(3), pp.95-117.

Assoun, P. L. (2000). Freud and Nietzsche. Translated by Richard L. Collier, Jr. London / New York: Continuum.

Baas, B. (2001). Freud, a realidade psíquica e a tentação do transcendental. Tradução de Gérard Grimberg e Angélica Bastos. Ágora: Estudos em Teoria Psicanalítica, 4(2), pp.9-23.

Bishop, P. (1995). Jung’s Annotations of Nietzsche’s Works: An Analysis. Nietzsche-Studien, 24, pp.271-314.

Brinkmann, D. (1943). Probleme des Unbewußten. Rascher Verlag: Zürich / München.

Cavalcanti, A. H. (2005). Símbolo e Alegoria: a gênese da concepção de linguagem em Nietzsche. São Paulo/Rio de Janeiro: Annablume/Fapesp/DAAD.

Constâncio, J. (2015). Nietzsche on Decentered Subjectivity or, the Existential Crisis of the Modern Subject. In: Constâncio, J., Branco M. J. M., Ryan, B. (Org.). Nietzsche and the Problem of Subjectivity. Berlin/Boston: Walter de Gruyter.

Crawford, C. (1988). The Beginnings of Nietzsche’s Theory of Language. Berlin//New York: Walter de Gruyter.

D’Iorio, P. (1993). La superstition des philosophes critiques. Nietzsche et Afrikan Spir. Nietzsche-Studien, 22, pp.257-294.

Drawin, C. (2005). O paradoxo da finitude: sobre sentido onto-antropológico da psicanálise freudiana. (Tese de doutorado). Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas. UFMG: Belo Horizonte.

Dries, M. (2012). The Feeling of Doing – Nietzsche on Agent Causation. Nietzscheforschung, 20, pp.235-247.

Eisler, R. (1961). Kant-Lexikon. Nachschlagewerk zu Kants sämtlichen Schriften, Briefen und handschriftlichem Nachlass. Unveränderte reprograf. Nachdruck der Ausgabe Berlin 1930. Hildesheim: Olms.

Emden, C. (2014). Nietzsche’s Naturalism. Philosophy and the Life Sciences in the Nineteenth Century. Cambridge: Cambridge University Press.

Frezzatti Jr., W. (2014). Nietzsche contra Darwin. 2. edição ampliada e revista. São Paulo: Edições Loyola.

Freud, S. (1941-1968). Gesammelte Werke (GW). Chronologisch geordnet. 18 Bände. Frankfurt am Main / London: S. Fischer Verlag / Imago Publishing.

____________. (2010). “O inconsciente”. In: Obras completas, volume 12. Introdução ao narcisismo, Ensaios de metapsicologia e outros textos (1914-1916). Tradução de Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das letras.

____________. (2010). História de uma neurose infantil. In: Obras completas, volume 14. História de uma neurose infantil (“O homem dos lobos”), Além do princípio do prazer e outros textos (1917-1920). Tradução de Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das letras.

____________. (2010). Uma dificuldade da psicanálise. In: Obras completas, volume 14. História de uma neurose infantil (“O homem dos lobos”), Além do princípio do prazer e outros textos (1917-1920). Tradução de Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das letras.

Gardner, S. (1999). Schopenhauer, Will, and the Unconscious. In: Janaway, C. (Org.) The Cambridge Companion to Schopenhauer. Cambridge: Cambridge University Press.

Gasser, R. (1997). Nietzsche und Freud. Berlin / New York: Walter de Gruyter.

Giacoia Jr., O. (2011). Metafísica e subjetividade. In: Martins, A., Santiago, H., Oliva, L. C. (Org.). As ilusões do eu: Spinoza e Nietzsche. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.

Gödde, G. (2009). Traditionslinien des „Unbewußten“. Schopenhauer – Nietzsche – Freud. Gießen: Psychosozial-Verlag.

Grau, K. J. (1916). Die Entwicklung des Bewusstseinsbegriffes im XVII und XVIII Jahrhundert. Halle: Max Niemeyer Verlag.

____________. (1922). Bewusstsein, Unbewusstes, Unterbewusstes. München: Rösl.

Hartmann, E. von. (1869). Philosophie des Unbewußten. Versuch einer Weltanschauung. Berlin: Carl Duncker’s Verlag.

Helmholtz, H. von. (1855). Ueber das Sehen des Menschen. Ein populärer wissenschaftlicher Vortrag. Leipzig: Leopold Voss.

Itaparica, A. (2011). Crítica à modernidade e conceito de subjetividade em Nietzsche. Estudos Nietzsche, 2(1), pp.59-78.

Kant, I. Kants gesammelte Schriften. Akademie-Ausgabe = AA. Berlin/Leipzig: Walter de Gruyter. [Versão online]. Recuperado de http://www.korpora.org/kant. Acesso em 15/12/2016.

____________. (2001). Crítica da razão pura (CRP). Tradução de Manuela Pinto dos Santos e Alexandre Fradique Morujão. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian.

Katsafanas, P. (2005). Nietzsche's Theory of Mind: Consciousness and Conceptualization. European Journal of Philosophy, 13 (1), pp.1-31.

____________. (2015). Kant and Nietzsche on Self-Knowledge. In: Constâncio, J., Branco, M. J. M., Ryan, B. (orgs.). Nietzsche and the Problem of Subjectivity. Berlin/Boston: Walter de Gruyter.

Kemp Smith, N. (2003). A Comentary to Kant’s Critique of Pure Reason. 3. edição. New York: Palgrave MacMillan.

La Rocca, C. (2008). “Der dunkle Verstand. Unbewusste Vorstellungen und Selbstbewusstsein bei Kant” In: Rohden, V., Terra, R., Almeida, G. de e Ruffing, M. (Org..). Law and Peace in Kant’s Philosophy / Recht und Frieden in der Philosophie Kants. Akten des X. Internationalen Kant-Kongresses (pp.458-468). Berlin / New York: Walter de Gruyter.

Liebmann, O. (1911). Die Metamorphosen des Apriori. In Zur Analysis der Wirklichkeit. Philosophische Untersuchungen. Strassburg: Karl J. Trübner.

Lopes, R. (2006). Elementos de retórica em Nietzsche. Edições Loyola: São Paulo.

____________. (2011). “A ambicionada assimilação do materialismo”: Nietzsche e o debate naturalista na filosofia alemã da segunda metade do século XIX. Cadernos Nietzsche, 29. São Paulo, pp.309-352.

____________. (2012). Das politische Triebmodell Nietzsches als Gegenmodell zu Schopenhauers Metaphysik des Willens. In: Georg, J. e Zittel, K. (Org.) Nietzsches Philosophie des Unbewussten. Berlin / Boston: Walter de Gruyter.

Loukidelis, N. (2006). Nachweis aus Otto Liebmann, Zur Analysis der Wirklichkeit. Nietzsche-Studien, 35, 2006, pp.302-303.

____________. (2013). „Es denkt“. Ein Kommentar zum Aphorismus 17 aus Jenseits von Gut und Böse. Würzburg: Königshausen & Neumann.

Lupo, L. (2006). Le colombe dello scetico. Riflessioni di Nietzsche sulla conscienza negli anni 1880-1888. Pisa: Edizioni ETS.

Mattioli, W. (2010). Metáfora e ficcionalismo no jovem Nietzsche. Revista Trágica, 3 (2), pp.39-60. Recuperado de http://tragica.org/artigos/v3n2/william.pdf. Acesso em 16.12.2016.

____________. (2012). Das Unbewusste als transzendentaler Raum perspektivistischer Weltbildung bei Nietzsche. In: Georg, J. e Zittel, K. (orgs.). Nietzsches Philosophie des Unbewussten. Berlin / Boston: Walter de Gruyter.

____________. (2013a). Inconsciente, intencionalidade e natureza: a dialética morganática entre naturalismo e transcendentalismo na metafísica da vontade de Schopenhauer. Revista Voluntas: Estudos sobre Schopenhauer, 4 (1), pp.66-97.

____________. (2013b). O devir e o lugar da filosofia: alguns aspectos da recepção e da crítica de Nietzsche ao idealismo transcendental via Afrikan Spir. Kriterion: Revista de Filosofia, 128, pp.321-348.

__________. (2016) O inconsciente no jovem Nietzsche. Da intencionalidade das formas naturais à vida da linguagem. (Tese de doutorado). Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas. UFMG: Belo Horizonte.

Moore, G. (2003). Nietzsche, Biology and Metaphor. Cambridge: Cambridge University Press.

Nicholls, A. e Liebscher, M. (2010). “Introduction”. In: ______ (orgs.). Thinking the Unconscious. Nineteenth-Century German Thought. Cambridge University Press.

Nietzsche, F. W. (1999). Sämtliche Werke. Kritische Studienausgabe (KSA). Herausgegeben von Giorgio Colli und Mazzino Montinari. 15 Bände. Berlin: Walter de Gruyter.

____________. (1995). Werke. Kritische Gesamtausgabe (KGW). Herausgegeben von Giorgio Colli und Mazzino Montinari. Berlin. New York: Walter de Gruyter.

____________. (2011). Sobre verdade e mentira no sentido extramoral. Tradução de Fernando de Moraes Barros. São Paulo: Hedra.

____________. (2005). Humano, demasiado humano. Tradução de Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras.

____________. (2001). A Gaia Ciência. Tradução de Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras.

____________. (2005). Além do Bem e do Mal: Prelúdio a uma Filosofia do Futuro. Tradução de Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras.

____________. (2006). Crepúsculo dos ídolos. Tradução de Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras.

Orsucci, A. (1994). Unbewußte Schlüsse, Antecipationen, Übertragungen. Über Nietzsches Verhältnis zu Karl Friedrich Zöllner und Gustav Gerber. In: Borsche, T., Gerratana, F., Venturelli, A. (Org.). Centauren-Geburten: Wissenschaft, Kunst und Philosophie beim jungen Nietzsche. Berlin/New York: Walter de Gruyter.

____________. (1996). Orient – Okzident. Nietzsches Versuch einer Loslösung vom europäischen Weltbild. Berlin / New York: de Gruyter.

Reuter, S. (2004). Reiz. Bild. Unbewusste Anschauung. Nietzsches Auseinandersetzung mit Hermann Helmholtz’ Theorie der unbewussten Schlüsse in Über Wahrheit und Lüge im aussermoralischen Sinne. Nietzsche-Studien, 33, pp.351-372.

____________. (2009). An der „Begräbnissstätte der Anschauung“. Nietzsches Bild- und Wahrnehmungstheorie in Ueber Wahrheit und Lüge im aussermoralischen Sinne. Basel: Schwabe.

Rhoden, V. (2009). Representações não-conscientes em Kant. Revista AdVerbum, 4(1), pp.3-9.

Riccardi, M. (2009). „Der faule Fleck des Kantischen Kriticismus“. Erscheinung und Ding an sich bei Nietzsche. Basel: Schwabe.

____________. (2014). [Resenha de Nietzsches Philosophie des Unbewussten, organizado por Jutta Georg e Claus Zittel]. The Journal of Nietzsche Studies, 41 (2), pp.225-227.

____________. (2015a). Inner Opacity. Nietzsche on Introspection and Agency. Inquiry: An Interdisciplinary Journal of Philosophy, 58 (3), pp.221-243.

____________. (2015b). Nietzsche on the Embodiment of Mind and Self. In: Constâncio, J., Branco, M. J. M., Ryan, B. (orgs.). Nietzsche and the Problem of Subjectivity. Berlin/Boston: Walter de Gruyter.

Satura, V. (1971). Kants Erkenntnispsychologie in den Nachschriften seiner Vorlesungen über empirische Psychologie. Bonn: Bouvier Verlag Herbert Grundmann.

Schlimgen, E. (1999). Nietzsches Theorie des Bewußtseins. Berlin/New York: Walter de Gruyter.

Simon, J. (1972). Grammatik und Wahrheit. Über das Verhältnis Nietzsches zur spekulativen Satzgrammatik der metaphysischen Tradition. Nietzsche-Studien, 1, pp.1-26.

____________. (1984). Das Problem des Bewußtseins bei Nietzsche und der traditionelle Bewußtseinsbegriff. In: Djuriae, M. e Simon, J. (orgs.). Zur Aktualität Nietzsches, Volume II. Würzburg: Königshausen & Neumann, pp.17-33.

Souza, L. e Brito, A. (2015). As representações sem consciência em Kant. Pensando - Revista de Filosofia, 6 (11), pp.292-326.

Stack, G. (1983). Lange and Nietzsche. Berlin. New York: Walter de Gruyter.

Stellino, P. (2015). Self-Knowledge, Genealogy, Evolution. In: Constâncio, J., Branco M. J. M., Ryan, B. (orgs.). Nietzsche and the Problem of Subjectivity. Berlin/Boston: Walter de Gruyter.

Downloads

Publicado

2017-06-30

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Linguagem, pulsão e atavismo: análise genética e mapeamento conceitual em torno do problema do inconsciente em Nietzsche e sua relação com o transcendental. (2017). Cadernos De Filosofia Alemã: Crítica E Modernidade, 22(1), 71-98. https://doi.org/10.11606/issn.2318-9800.v22i1p71-98