Ponto de corte para o índice de massa corporal em adolescentes: comparação com padrões de referência nacionais e internacional

Autores

  • Luis P. G. Mascarenhas Universidade Federal do Paraná; Departamento de Educação Física; Centro de Pesquisa em Exercício e Esporte
  • André de C. Smolarek Universidade Federal do Paraná; Departamento de Educação Física; Centro de Pesquisa em Exercício e Esporte
  • Rodrigo Bozza Universidade Federal do Paraná; Departamento de Educação Física; Centro de Pesquisa em Exercício e Esporte
  • Margaret C. S. Boguszewski Universidade Federal do Paraná; Departamento de Pediatria
  • Francisca Sonia Prati Universidade Federal do Paraná; Departamento de Pediatria
  • Antonio Stabelini Neto Faculdade Estadual de Jacarezinho
  • Wagner de Campos Universidade Federal do Paraná; Departamento de Educação Física
  • Marilza J. Modesto Universidade Federal do Paraná; Hospital das Clínicas; Unidade de Endocrinologia Pediátrica
  • Nadia Mohamad Amer Universidade Federal do Paraná; Hospital das Clínicas; Unidade de Endocrinologia Pediátrica
  • Kleverton Krinski Universidade Federal do Paraná; Departamento de Educação Física; Centro de Pesquisa em Exercício e Esporte
  • Hassan Mohamed Elsangedy Universidade Federal do Paraná; Departamento de Educação Física; Centro de Pesquisa em Exercício e Esporte

DOI:

https://doi.org/10.7322/jhgd.20032

Palavras-chave:

composição corporal, sobrepeso, obesidade, adolescente

Resumo

OBJETIVO: elaborar uma tabela percentílica para o índice de massa corporal (IMC) para adolescentes na faixa etária de 10 a 14 anos da cidade de Curitiba, Paraná, e comparar os valores encontrados para o sobrepeso (percentil 85) e obesidade (percentil 95) com referências de IMC nacional, regional e internacional. MÉTODO: estudo longitudinal misto com 5231 avaliações, 2471 em meninos e 2760 em meninas, idades entre 10 e 14 anos. Esse número foi obtido a partir de avaliações semestrais realizadas entre os anos de 1998 a 2002, gerando 4321 observações (estudo longitudinal), mais a avaliação de 910 indivíduos no ano de 2006 (estudo transversal). O IMC foi calculado pela razão entre a massa corporal (Kg) dividida pela estatura (m) ao quadrado. Foram elaboradas tabelas de frequência baseadas na distribuição percentílica. Para identificar as diferenças nos pontos de corte para sobrepeso e obesidade com os estudos nacionais de Cintra e de Conde e Monteiro e com o estudo internacional de Cole foi utilizado teste binomial não paramétrico. RESULTADOS: comparando com as referências, os jovens de Curitiba seriam superestimados com sobrepeso se utilizadas a referência de Conde e a de Cole e subestimados na referência regional de Cintra. As mesmas tendências foram observadas com relação ao percentil 95 (obesidade), porém não para todas as faixas etárias. CONCLUSÃO: observamos diferenças nos valores de IMC sugeridos como pontos de corte para sobrepeso e obesidade em relação às referências nacionais e internacionais reforçando a necessidade de utilização de referências específicas para cada população.

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Publicado

2011-12-01

Edição

Seção

Pesquisa Original