Variáveis psicossociais no excesso de peso e na obesidade infantil

Autores

  • Sónia Gonçalves Universidade do Minho; Escola de Psicologia
  • Dora Silva Universidade do Minho; Escola de Psicologia
  • Henedina Antunes Universidade do Minho; Escola de Ciências da Saúde

DOI:

https://doi.org/10.7322/jhgd.44948

Palavras-chave:

excesso de peso, obesidade, infância, variáveis psicossociais

Resumo

A obesidade acarreta consequências para além das meramente relacionadas com a saúde física, sendo também de salientar os aspetos psicossociais. Com o objetivo de avaliar as diferenças ao nível da qualidade de vida, morbilidade psicológica e imagem pessoal (autoconceito) foram avaliadas 267 crianças divididas em três grupos: um grupo de crianças da comunidade com peso normal (N = 147), um grupo de crianças da comunidade com excesso de peso/obesidade (N = 89) e um grupo de crianças com excesso de peso/obesidade em tratamento (grupo clínico) (N = 31). Os resultados mostraram que as crianças com excesso de peso/obesidade em tratamento são as que têm uma percepção mais negativa da sua saúde física e da saúde escolar, quando comparadas com as restantes crianças. Relativamente ao auto-conceito o grupo de crianças com excesso de peso/obesidade do grupo clínico perceciona-se como menos competente no domínio escolar, atlético, aparência física, aceitação social, comportamento e auto-estima. As crianças do grupo clínico com excesso de peso/obesidade apresentam ainda mais sintomatologia depressiva quando comparadas com as crianças da comunidade com peso normal e com as crianças do grupo clínico. Não foram encontradas diferenças significativas ao nível da sintomatologia ansiosa nas três amostras estudadas. Em suma, as diferenças entre os grupos avaliados podem refletir diferentes características das crianças com excesso de peso/obesidade que procuram tratamento.

Referências

World Health Organization. Obesity: Preventing and managing the global epidemic. 2004 Acedido em 8 de Outubro de 2008, em: http://whqlibdoc.who.int/trs/WHO_TRS_894.pdf. [Consultado em 08/10/2008].

World Health Organization. Control-ling the global obesity epidemic. 2008 Acedido em 10 de Novembro de 2008, em: http://www.who.int/nutrition/topics/obesity/en/index.html.

Antunes A, Moreira P. Prevalência de excesso de peso e obesidade em crianças e adolescentes portugueses. Acta Médica Portuguesa. 2011; 24: 279-284.

Simon VGN, Souza JM, Leone C, Souza S. Prevalência de sobrepeso e obesidade em crianças de dois a seis anos matriculadas em escolas particulares no município de São Paulo. Rev Bras Crescimento e Desenvolvimento Humano. 2009; 19(2): 211-218.

Wallander J. Theoretical develop-mental issues in quality of life for children and adolescents. In Koot HM, Wallander JL, editors. Quality of life in child and adolescent illness: Concepts, methods and findings 2001. New York: Brunner-Routledge.p.24-45.

Bullinger M, Schmidt S, Petersen C, Disabkids C. Assessing quality of life of children with chronic health conditions and disabilities: A European approach. International Journal of Rehabilitation Research 2002; 25: 197–206.

Swallen K, Reither E, Haas S, Meier A. Overweight, obesity, and health related quality of life among adolescents: The national Longitudinal study of adolescent health. Pediatric. 2005; 115: 340-347.

Williams A, Wake M, Hesket K, Maher E, WaterE. Health-Related Quality of Life of Overweight and Obese children. Jama 2005; 293: 70-76.

Tsiros MD, Olds T, Bucley JD, Grimshaw P, Brennan L, Walkley J, Hills AP, Howe PRC, Coates AM. Health-related quality of life in obese children and adolescents. Pediatric Review. 2009; 33: 387-400.

Martins M, Peixoto F, Mata L, Monteiro V. Escala de auto-conceito para crianças e pré-adolescentes de Susan Harter. Provas Psicológicas em Portugal. 1995; I: 79-89.

Crocker J, Garcia J. Self-Esteem and the Stigmaof Obesity. 2004; Acedido em 25 de Outubro de 2008, em: http://www.rcgd.isr.umich.edu/crockerlab/articles/2005_Crocker_Garcia_Self-Esteem_&_Stigma_of_Obesity.pdf

Franklin G, Denyer G, Steinbeck K, Caterson I, Hill A. Obesity and risk of low self-esteem: Aste wide survey of Australian Children. 2006; Acedido em 20 de Janeiro de 2009, em: http://journal.shouxi.net/qikan article.php?id=376906

Carvalho AP, Cataneo C, Galindo E, Malfará C. Auto-conceito e imagem corporal em crianças obesas. Paidéia 2005; 15(30): 131-139.

Lau P, Lee A, Ransdell L, Yu C, Sung R. The association between global self-esteem, physical self-concept and actual vs ideal body size rating in chinese primary school children. International Journal of Obesity. 2004; 28: 314-319.

Simões D, Meneses R. Auto-Conceito em Crianças com e sem obesidade. Psicologia: Reflexão e Critica 2007; 20: 246-251.

McElroy S L, Kotwal R, Malhotra S, Nelson E B,Keck P E, Nemeroff CB. Are mood disorders and obesity related? Journal of Clinical Psychiatric. 2001; 81:40-46.

Becker ES, Margraf J, Turkei V, Soederi U, Neumeri S. Obesity and Mental Illness in a representative sample of Young Women. International Journal of Obesity 2001; 25: 5-9.

Britz B, Siegefried W, Sieglers A, Lamertz C, Herpertz-Dahlmanns B, Remschmidt H, Wittchen H, Hebebrand J. Rates of psychiatric disorders in a clinical study group of adolescents with extreme obesity and in obese adolescents ascertained via a population based study. International Journal of Obesity. 2000; 24: 1707-1714.

Kolotkin R, Crosby R, Kosloski K, Williams R. Development of a Brief Measure to Assess Quality of Life in Obesity. Obesity Research2001; 9: 102-111.

Segal A, Libonori H, Azevedo A. Bariatric surgery in a patient with possible psychiatric contraindications. Obesity Surgery.2002; 12:598-601.

Mustillo S, Worthman C, Erkanli A, Keeler G, Angold A, Costello, E. Obesity and Psychiatric Disorder: Developmental Trajectories. Pediatrics 2003; 11: 851-859.

Erickson S, Robinson T, Haydel F, Killen J. Are Overweight Children Unhappy? Body Mass Index, Depressive Symptoms, and Over-weight Concerns in Elementary School Children. Archives Pediatrics Adolescents Medicine 2000;154: 931-935.

Dixon J, Dixon M, O ́Brien P. Depression in association with severe obesity: changes with weight loss. Archives of Internal Medicine 2003;163: 2058-2065.

Wardle J, Cooke L. The impact of obesity on psychological well-being. Best Practice & Research Clinical Endocrinology & Metabolism2005; 19: 421-440.

Eisenberg M, Newmark-Sztainer D, Story M. Associations of weight-based teasing and emotional well-being among adolescents. Archives of Pediatrics and Adolescents Medicine2003; 157: 733-738.

Brewis A. Biocultural aspects of obesity in young Mexican school-children. American Journal of Human Biology 2003; 15: 446-460.

Goodman E, Whitaker R. A Pros-pective Study of the Role of Depression in the Development and Persistence of Adolescent Obesity. Pediatrics 2002; 109: 497-504.

Erermis S, Cetin N, Tamar M, Bukusoglu N, Akdeniz D, Goksen, D. Is obesity a risk factor for psychopathology among adolescents? Pediatrics International 2004; 46: 296-301.

Luiz M, Gorayeb R, Júnior R, Domingos N. Depressão, Ansiedade e Competência Social em Crianças Obesas. Estudos de Psicologia 2005; 10:35-39.

Harter S. The perceived competence scale for children. Child Development 1982; 53: 87- 97.

Kovacs M. (1992). Children’s Depression Inventory manual. North Tonawanda, NY: Multi-Health Systems, Inc.

Dias P, Gonçalves M. Avaliação da ansiedade e da depressão em crianças e adolescentes (STAIC C2, CMAS-R, FSSC-R e CDI): estudo normativo para a população portuguesa. In Soares, AP, Caires S, Aráujo S, editors. Avaliação Psicologica: Formas e Contextos. Braga; 1999. p. 553-564.

Spielberger C, Edwards D, Lushene R, MontuoriJ, Platzek D. State-Trait Anxiet Inventory for Children. 1973 Palo Alto: Consulting Psychologists Press, Inc.

Varni J, Seid M, Kurtin P. The PedsQL 4.0: reliability and validity of the Pediatric Quality of Life Inventory Version 4.0 Generic CoreScales in healthy and patient populations. MedCare 2001; 39: 800-812.

Lima L, Guerra MP, Lemos MS. Adaptação da escala genérica do Inventário Pediátrico de Qualidade devida a uma população portuguesa. Estudos psicométricos. 2008; 8:83-91.

Hughes A, Farewell K, Harris D, Reilly J. Quality of life in a clinical sample of obese children. International Journal of Obesity. 2007; 31, 39-44.

Williams A, Wake M, Hesket K, Maher E, WaterE. Health-Related Quality of Life of Overweight and Obese children. Jama 2005; 293: 70-76.

Diamiani D, Carvalho D, Oliveira R. Obesidade na infância – um grande desafio. Pediatria Moderna 2000; 36: 489-528.

Paxton H. The effects of childhood obesity on self-esteem. Pro Quest 2005; 43: 24-33.

Strauss R. Childhood obesity and self-esteem. Pediatric. 2000; 105: 15.

Kaplan K, Wadden T. Childhood obesity and self-esteem. Journal of Pediatrics. 1986; 109:367-370.

Wal J, Thelen M. Eating and body image concerns among obese and average-weight children. Addictive Behaviors 2000; 25: 775-778.

Franklin G, Denyer G, Steinbeck K, Caterson I, Hill A. Obesity and risk of low self-esteem: Aste wide survey of Australian Children. 2006.Acedido em 20 de Janeiro de 2009, em: http://journal.shouxi.net/qikan/article.php?id=376906

Braet C, Mervielde I. Psychological Aspects of childhood obesity: A controlled study in a clinical and non-clinical sample. Journal of Pediatric Psychology 1997; 22: 59-71.

Csabi G, Tenyi T, Molnar D. Depressive symptoms among obese children. Journal of Eating and Weight Disorders 2000; 5: 43-45.

Cataneo C, Carvalho A, Galindo E. Obesidade e Aspectos Psicológicos: Maturidade Emocional, Auto-Conceito, Locus de Controle e Ansiedade. Psicologia: Reflexão e Crítica 2005; 18:39-46.

Downloads

Publicado

2012-08-01

Edição

Seção

Pesquisa Original