Uma estranha descoberta: leitura do conto “A menor mulher do mundo”, de Clarice Lispector
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2237-1184.v0i20p148-156Palavras-chave:
Documentário cinematográfico, “ostranenie”, subitaneidade.Resumo
O presente artigo pretende analisar o conto “A menor mulher do mundo”, de Clarice Lispector, à luz do ensaio “O estranho”, de Freud. A ideia é compreender as relações de dominação que se estabelecem entre um explorador francês e sua insólita descoberta na África Equatorial: uma pigmeia grávida. Partindo desse jogo de alteridades, que se estranham e se identificam, a análise buscará desvelar algumas camadas de sentido tendo como pano de fundo a dinâmica entre cultura e pulsão, recalque e desejo. A história dos processos coloniais brasileiros e a história da constituição do sujeito humano se entrecruzam nessa narrativa, que desloca for- mas habituais de posicionar o eu diante do outro. O efeito irônico do texto se dá ao inverter as expectativas nesse encontro entre a ordem selvagem e a ordem doméstica, descortinando nesta última reações perversas imprevistas.