Técnica, arte e questões fundamentais da existência. Considerações sobre o discurso de Paulo Mendes da Rocha

Autores

  • Maria Isabel Villac Universidade Presbiteriana Mackenzie. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo.

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2317-2762.v23i39p90-100

Palavras-chave:

Rocha, Paulo Archias Mendes da, 1928-. Técnica. Arte. Discurso. Questões fundamentais da existência. Projeto.

Resumo

O enfoque deste documento tem como escopo discutir a relevância da técnica e da arte no discurso na arquitetura de Paulo Mendes da Rocha. Examina os textos do arquiteto comprometido com a práxis e discute “técnica” à luz da importância que assume na configuração da arquitetura e de sua dependência a um programa de vida inerente à humanidade. A dimensão da “arte”, por sua vez, integrada à vida, é observada como a que garante a condição sempre inaugural da obra e o prolongamento de características inerentes aos processos ordinários do cotidiano. A argumentação do texto se faz a partir das palavras do arquiteto – considerados as memórias de projeto, as aulas ministradas, os depoimentos e as entrevistas publicadas. Defende a posição que as especulações e o sentido ético que revela o discurso são integrantes de um “corpo de conhecimentos” inerente ao “modus operandi” do Projeto. Para os que conhecem ou se aproximam da obra, o acolhimento das palavras do arquiteto explicita que o saber da arquitetura está na discussão de um horizonte que implica o sujeito, o gênero humano e o mundo que constrói. Este arco intencional, que se revela no traço individual da obra, se ampara na racionalidade e ensina que a espacialidade é uma condição e um valor da vida, um discurso e uma ação histórica interdependentes à sensibilidade artística da natureza humana. Na arquitetura de Paulo Mendes da Rocha, que aspira ser a expressão da objetividade como designação “radical” da técnica, é no retroceder aos textos do arquiteto comprometido com a práxis e envolvido diretamente com a produção dos sentidos da arquitetura, que o discurso revela que: na “naturalidade inclusiva” da dimensão estética se instaura a mediação entre desejo e experiência e que são os impulsos e sentidos do ser humano que organizam o fundamento de racionalidade e conhecimento.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Maria Isabel Villac, Universidade Presbiteriana Mackenzie. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo.

    http://lattes.cnpq.br/2140594056419912

     

Referências

ARGAN, Giulio Carlo (1964). Projeto e destino. Paulo: Ática, 2001.

BODEI, Remo. La razón de las pasiones. In: Francisco Jarauta (Org.). Otra mirada sobre la época. Murcia: Colegio Oficial de Aparejadores y Arquitectos Técnicos / Librería Yerba / Caja Murcia, 1994, p. 175-190.

BOUTINET, Jean-Pierre (1999). Antropologia do projeto. Porto Alegre: Artmed, 2002.

CAUQUELIN, Anne (1998). Teorias da arte. São Paulo: Martins Fontes, 2005.

FAROLDI, Emilio; VETTORI, Maria Pilar, (1995). Diálogos de arquitetura. São Paulo: Siciliano, 1997.

LEAL, José García Leal, Arte y experiencia. Granada: Comares, 1995.

LEBRUN, Gérard. Sobre a tecnofobia. In: NOVAES, Adauto (Org.). A crise da razão. São Paulo: Companhia das Letras, 1996, p. 471-494.

MARCUSE, Herbert. A dimensão estética. In: MARCUSE, Herbert. Eros e civilização. 8.ed. São Paulo: Guanabara, 198-.

MARINA, José Antonio. Teoría de la inteligencia creadora. Barcelona: Anagrama, 1993.

MERLEAU-PONTY, Maurice (1952). A linguagem indireta e as vozes do silêncio. In: O olho e o espírito. São Paulo: Cosac &Naify, 2004, p. 65-120.

MORIN, Edgar (1990). Introducción al pensamiento complejo. Barcelona: Gedisa, 2001.

ORTEGA y GASSET, José. Meditación de la técnica. Madrid: Revista de Occidente, 4ª ed., 1961.

OSTROWER, Fayga (1977). Criatividade e processos de criação. 23ª. ed. Petrópolis: Vozes, 2008.

PAREYSON, Luigi (1954; 1988). Estética: teoria da formatividade. Petrópolis: Vozes, 1993.

ROCHA, Paulo Mendes da. A construção do olhar de Paulo Mendes da Rocha. Depoimento a Maria Isabel Villac, maio de 1995; junho de 2007. In: ROCHA Paulo Mendes da.; VILLAC, M.I. (Org.). América, natureza e cidade. São Paulo: Estação Liberdade, 2012, p. 27-87.

ROCHA, Paulo Mendes da. De um traço nasce a arquitetura. Arc Design, São Paulo, n. 1, 1999, p. 36-39.

ROCHA, Paulo Mendes da. Exercício da modernidade, entrevista a José Wolff. AU – Arquitetura e Urbanismo, São Paulo, ano II, n. 8, p. 25-31, oct/nov. 1986.

ROCHA, Paulo Mendes da. Ideia e desenho. Folha de São Paulo, Folhetim, 10/05/1981, s/n.

ROCHA, Paulo Mendes da. A Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. CJ Arquitetura, n. 3, p. 10-13, nov/dez. 1973 – jan 1974.

SCHWARZ, Roberto (1987). Crise e literatura. In: Que horas são?:ensaios. 2. ed. São Paulo: Schwarcz, 2006.

VILLAC, M. Isabel. A construção do olhar: natureza, cidade e discurso na arquitetura de Paulo Mendes da Rocha. 2002. Não paginado. Tese (Doutorado em Arquitetura) – Universidad Politecnica de Catalunya. Escuela Técnica Superior de Arquitectura de Barcelona, Barcelona, 2002.

VILLAC, M. Isabel. Paulo Mendes da Rocha. Exposição em Barcelona. Barcelona: Universidad Politecnica de Catalunya. Escuela Técnica Superior de Arquitectura de Barcelona, Barcelona, 2004.

Publicado

2016-07-04

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Técnica, arte e questões fundamentais da existência. Considerações sobre o discurso de Paulo Mendes da Rocha. (2016). PosFAUUSP, 23(39), 90-100. https://doi.org/10.11606/issn.2317-2762.v23i39p90-100