O "sujeito sociológico" pelas ruas de Brasília

Autores

  • Roberta Tiburri Universidade de Caxias do Sul.

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2317-2762.v20i34p126-139

Palavras-chave:

Sujeito sociológico. Indivíduo moderno. Brasília. Carta de Atenas. Urbanismo modernista. Cidade modernista. Sociologia urbana (Brasília).

Resumo

Este artigo pretende situar o “sujeito sociológico”, conceituado por Stuart Hall (2006), na arquitetura e urbanismo modernistas, utilizando como ícone a cidade de Brasília. Este “sujeito sociológico”, fruto da modernidade em transformação, com suas características de isolamento e individualismo acrescidas de um processo de fragmentação e descentramento das identidades, será conduzido pelas ruas da cidade símbolo de nosso modernismo, concebida, em grande parte, com base nos princípios da Carta de Atenas, que objetivava resolver os problemas decorrentes do rápido crescimento das cidades. Buscamos compreender de que forma os princípios modernistas da Carta de Atenas, manifesto mais significativo do Congresso Internacional de Arquitetura Moderna (Ciam), estão presentes em Brasília e como se dá a relação entre o coletivo e o individual, bem como de que maneira o “sujeito sociológico” pode transitar em seus espaços. Para isto, analisamos os princípios da Carta de Atenas aplicados ao projeto urbanístico de Brasília, e como resultou, na prática, a relação do indivíduo, nosso “sujeito sociológico”, com esta “cidade ideal”, pela observação das relações entre o coletivo e o individual, o público e o privado, o centro e a periferia. Consideramos, também, o período político e econômico do País, na década de 1950 e início da década de 1960, com a política desenvolvimentista do governo de Juscelino Kubitschek, em diálogo com os preceitos da cidade modernista ideal. Sendo assim, nossa análise gira em torno do “sujeito sociológico”, individualista, pertencente à sociedade moderna em transformação, em diálogo com as estruturas do estado-nação, da industrialização, da democracia e do capitalismo modernos, inserido em uma cidade modernista, com aspirações de coletividade e ordem social e espacial, em um País voltado para o futuro, o progresso e o desenvolvimento.

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Biografia do Autor

  • Roberta Tiburri, Universidade de Caxias do Sul.
    Arquiteta e urbanista pela Universidade de Caxias do Sul (UCS). Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Letras, Cultura e Regionalidade da Universidade de Caxias do Sul (PPGLET-UCS). Atualmente atua como bolsista Prosup/Capes. Tem experiência profissional nas áreas de Arquitetura e Cenografia, com ênfase em projetos de Arquitetura Efêmera. Na área de pesquisa, publicou a obra Cenários em Movimento: Memórias do Corso Alegórico da Festa da Uva. Formação complementar: Cenografia – Espaço Cenográfico de São Paulo.

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Publicado

2013-12-30

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Tiburri, R. (2013). O "sujeito sociológico" pelas ruas de Brasília. PosFAUUSP, 20(34), 126-139. https://doi.org/10.11606/issn.2317-2762.v20i34p126-139