Transplante pulmonar como tratamento de pacientes com fibrose cística
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.1679-9836.v92i1p69-74Palavras-chave:
Transplante pulmonar, Fibrose cística, Sobrevida.Resumo
Introdução. A partir de 1980 com o uso da ciclosporina e novas técnicas operatórias o transplante pulmonar se tornou uma terapia bem estabelecida para pacientes portadores de doenças crônicas em estágio avançado. Atualmente o procedimento é realizado em mais de 150 centros em todo mundo. A sobrevida global estabelecida para receptores de transplante de pulmão é cerca de cinco anos, podendo variar de acordo com os fatores de risco do paciente. Apesar do aumento da qualidade de vida ser bem estabelecido, a indicação de transplante deve ser cuidadosamente realizada, pois há um risco inerente de mortalidade precoce (aproximadamente 10% em 1 ano). A fibrose cística, uma doença genética autossômica recessiva, é a terceira maior causa de indicação de transplante pulmonar, uma vez que a grande maioria dos pacientes portadores dessa patologia evolui a óbito por insuficiência respiratória, devido a muitos anos de infecção pulmonar crônica. Objetivos. O objetivo desse estudo é descrever a evolução e avaliar a sobrevida de pacientes submetidos a transplante de pulmão. Metodologia. Realizou-se um estudo retrospectivo com revisão de prontuários de 30 pacientes transplantados por fibrose cística entre maio de 2004 e dezembro de 2010. Foram analisados os seguintes parâmetros: sexo, idade, peso, estatura, tipo sanguíneo, associação com comorbidades, tempo de doença, função cardíaca, avaliação pré-operatória com teste de caminhada e espirometria. No doador, foi foram descritos, sexo, idade, IMC, gasometria, tempo de intubação e leucograma. No transplante foi avaliado o tempo operatório, tempo de UTI e de internação. Resultados. A média de idade dos pacientes foi de 27,4+9,22 anos, sendo 2 na faixa pediátrica (abaixo de 18 anos). Foram 14 pacientes do sexo masculino e 16 do sexo feminino. O IMC médio foi de 19,1+ 3,0Kg/m² e todos os pacientes faziam acompanhamento nutricional. O tempo médio de doença foi de 20,8 + 9,7 anos e o tempo médio que os pacientes permaneceram na lista de transplante foi de 20,99+ 8,83 meses. Todos os pacientes realizaram espirometria pré-transplante, a média dos resultados obtidos foram: VEF1(L) 3,8+12,3; VEF1(%) 24,22+9,2; CVF(L) 7,29+25,10; CVF(%) 39,41+18,09; VEF1/CVF(L) 2,42+9,7; VEF1/CVF(%) 23,04+25,14. A taxa de sobrevida foi de 72,3% em cinco anos com queda acentuada no primeiro ano e estabilização após esse período. Após o transplante a média do resultado das espirometrias realizadas 6 meses após o transplante foi de: VEF1(L) 2,44+0,66; VEF1(%) 73,20+18,13; CVF(L) 2,66+0,71; CVF(%) 68,2+15,74; VEF1/CVF(L) 4,13+1,77; VEF1/CVF(%) 96,66+43,91. Discussão. A faixa etária predominante dos 30 pacientes estudados corresponde a pacientes mais jovens. Sete pacientes evoluíram a óbito no período estudado, levando a uma sobrevida média de 72,3% em cinco anos, menor do que a descrita na literatura. Os demais pacientes apresentaram melhora na qualidade de vida em médio e longo prazo. Conclusão. O transplante pulmonar para pacientes portadores de fibrose cística em é hoje uma terapia bem estabelecida por apresentar uma melhora significativa da qualidade de vida. Com o desenvolvimento de novas técnicas operatórias e novos medicamentos imunossupressores a sobrevida aumentou substancialmente, apesar de ainda manter-se elevada no primeiro ano após o transplante.Downloads
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Publicado
2013-03-20
Edição
Seção
Painéis - COMU
Como Citar
Turaça, K., Fernandes, P. M. P., Samano, M. N., & Kazantzi, A. (2013). Transplante pulmonar como tratamento de pacientes com fibrose cística. Revista De Medicina, 92(1), 69-74. https://doi.org/10.11606/issn.1679-9836.v92i1p69-74