Transplante pulmonar como tratamento de pacientes com fibrose cística

Autores

  • Karina Turaça Universidade de São Paulo, Faculdade de Medicina
  • Paulo Manuel Pêgo Fernandes Universidade de São Paulo, Faculdade de Medicina, Departamento de Cardiopneumologia
  • Marcos Naoyuki Samano Universidade de São Paulo, Faculdade de Medicina, Departamento de Cardiopneumologia
  • Alexandre Kazantzi Universidade de São Paulo, Faculdade de Medicina, Instituto do Coração

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.1679-9836.v92i1p69-74

Palavras-chave:

Transplante pulmonar, Fibrose cística, Sobrevida.

Resumo

Introdução. A partir de 1980 com o uso da ciclosporina e novas técnicas operatórias o transplante pulmonar se tornou uma terapia bem estabelecida para pacientes portadores de doenças crônicas em estágio avançado. Atualmente o procedimento é realizado em mais de 150 centros em todo mundo. A sobrevida global estabelecida para receptores de transplante de pulmão é cerca de cinco anos, podendo variar de acordo com os fatores de risco do paciente. Apesar do aumento da qualidade de vida ser bem estabelecido, a indicação de transplante deve ser cuidadosamente realizada, pois há um risco inerente de mortalidade precoce (aproximadamente 10% em 1 ano). A fibrose cística, uma doença genética autossômica recessiva, é a terceira maior causa de indicação de transplante pulmonar, uma vez que a grande maioria dos pacientes portadores dessa patologia evolui a óbito por insuficiência respiratória, devido a muitos anos de infecção pulmonar crônica. Objetivos. O objetivo desse estudo é descrever a evolução e avaliar a sobrevida de pacientes submetidos a transplante de pulmão. Metodologia. Realizou-se um estudo retrospectivo com revisão de prontuários de 30 pacientes transplantados por fibrose cística entre maio de 2004 e dezembro de 2010. Foram analisados os seguintes parâmetros: sexo, idade, peso, estatura, tipo sanguíneo, associação com comorbidades, tempo de doença, função cardíaca, avaliação pré-operatória com teste de caminhada e espirometria. No doador, foi foram descritos, sexo, idade, IMC, gasometria, tempo de intubação e leucograma. No transplante foi avaliado o tempo operatório, tempo de UTI e de internação. Resultados. A média de idade dos pacientes foi de 27,4+9,22 anos, sendo 2 na faixa pediátrica (abaixo de 18 anos). Foram 14 pacientes do sexo masculino e 16 do sexo feminino. O IMC médio foi de 19,1+ 3,0Kg/m² e todos os pacientes faziam acompanhamento nutricional. O tempo médio de doença foi de 20,8 + 9,7 anos e o tempo médio que os pacientes permaneceram na lista de transplante foi de 20,99+ 8,83 meses. Todos os pacientes realizaram espirometria pré-transplante, a média dos resultados obtidos foram: VEF1(L) 3,8+12,3; VEF1(%) 24,22+9,2; CVF(L) 7,29+25,10; CVF(%) 39,41+18,09; VEF1/CVF(L) 2,42+9,7; VEF1/CVF(%) 23,04+25,14. A taxa de sobrevida foi de 72,3% em cinco anos com queda acentuada no primeiro ano e estabilização após esse período. Após o transplante a média do resultado das espirometrias realizadas 6 meses após o transplante foi de: VEF1(L) 2,44+0,66; VEF1(%) 73,20+18,13; CVF(L) 2,66+0,71; CVF(%) 68,2+15,74; VEF1/CVF(L) 4,13+1,77; VEF1/CVF(%) 96,66+43,91. Discussão. A faixa etária predominante dos 30 pacientes estudados corresponde a pacientes mais jovens. Sete pacientes evoluíram a óbito no período estudado, levando a uma sobrevida média de 72,3% em cinco anos, menor do que a descrita na literatura. Os demais pacientes apresentaram melhora na qualidade de vida em médio e longo prazo. Conclusão. O transplante pulmonar para pacientes portadores de fibrose cística em é hoje uma terapia bem estabelecida por apresentar uma melhora significativa da qualidade de vida. Com o desenvolvimento de novas técnicas operatórias e novos medicamentos imunossupressores a sobrevida aumentou substancialmente, apesar de ainda manter-se elevada no primeiro ano após o transplante.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Karina Turaça, Universidade de São Paulo, Faculdade de Medicina
    Acadêmica do 3o. ano do Curso de Medicina da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
  • Paulo Manuel Pêgo Fernandes, Universidade de São Paulo, Faculdade de Medicina, Departamento de Cardiopneumologia
    Professor Livre-Docente, Departamento de Cardiopneumologia, Disciplina de Cirurgia Torácica, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, Instituto do Coração da FMUSP.
  • Marcos Naoyuki Samano, Universidade de São Paulo, Faculdade de Medicina, Departamento de Cardiopneumologia
    Professor Doutor, Departamento de Cardiopneumologia, Disciplina de Cirurgia Torácica, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, Instituto do Coração da FMUSP.
  • Alexandre Kazantzi, Universidade de São Paulo, Faculdade de Medicina, Instituto do Coração
    Aluno de complementação especializada do Departamento de Cardiopneumologia do Instituto do Coração da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

Downloads

Publicado

2013-03-20

Edição

Seção

Painéis - COMU

Como Citar

Turaça, K., Fernandes, P. M. P., Samano, M. N., & Kazantzi, A. (2013). Transplante pulmonar como tratamento de pacientes com fibrose cística. Revista De Medicina, 92(1), 69-74. https://doi.org/10.11606/issn.1679-9836.v92i1p69-74