O Brasil jagunço: retórica e poética

Autores

  • Willi Bolle USP; FFLCH; Departamento de Letras Modernas

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2316-901X.v0i44p141-158

Palavras-chave:

Guimarães Rosa, retratos do Brasil, Brasil^i1^sfic, Brasil^i1^shistó, Brasil^i1^spolít, banditismo, jagunçagem^i1^ssistema jagu

Resumo

O tema do banditismo no Brasil, depois de ter sido registrado por autores como Euclides da Cunha, Caio Prado Jr. e Oliveira Vianna, ganha no romance Grande sertão: veredas, de Guimarães Rosa, uma representação que corresponde à importância que esse fenômeno ocupa na vida cotidiana do país. Com a narração ficcional da guerra de jagunços, ou seja, bandos de criminosos disputando o poder no planalto central do país por volta de 1900, o romance fornece um retrato do Brasil que não se limita a acontecimentos do passado, mas evoca alegoricamente estruturas que se prolongam até os dias atuais. O conceito de "sistema jagunço", introduzido pelo autor, contribui para fazer do romance uma forma de pesquisa que se equipara aos melhores retratos sociológicos e historiográficos do Brasil; ele até os supera, pela lucidez e qualidade técnica da apresentação. O fato de o narrador ser ele próprio um jagunço, um "jagunço letrado", não só proporciona uma visão de dentro do mundo do crime, como também expõe detalhadamente o funcionamento da instituição da jagunçagem através de uma encenação da retórica dos chefes e de seus subalternos. Por meio de uma poética astuciosa, crítica e auto-reflexiva, o romancista revela como a violência institucionalizada articula seu discurso.

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Publicado

2007-02-01

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Bolle, W. (2007). O Brasil jagunço: retórica e poética . Revista Do Instituto De Estudos Brasileiros, 44, 141-158. https://doi.org/10.11606/issn.2316-901X.v0i44p141-158