INQUÉRITO SôBRE O ESTADO DE NUTRIÇÃO DE UM GRUPO DA POPULAÇÃO DA CIDADE DE SÃO PAULO. IV - Investigação sôbre a ocorrência de deficiência de ácido ascórbico

Autores

  • Yaro Ribeiro Gandra

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2358-792X.v10i1-2p89-111

Resumo

Foi estudado um grupo de população constituído por 4208 acompanhantes de pessoas que se utilizavam dos serviços médicos dos Centros de Saúde da Cidade de São Paulo. As características dêste grupo populacional foram definidas em trabalho anterior. Nestes indivíduos procedemos também aos exames clínicos visando descobrir os sinais de deficiência de vitamina C, assim como à dosagem da ascorhinemia em parte dessa amostra. Discutimos o valor patognomônico de cada sintoma ou sinal. A incidência de sinais e sintomas indicadores de deficiência de ácido ascórbico, é por nós considerada relativamente alta, e está resumida no Quadro XXXVIII. Associando a ocorrência de sinais gengivais, vimos que entre a hiperemia marginal e o edema marginal houve coeficiente de contingência de Pcarson muito alto e o coeficiente de associação de Yule positivo e próximo à unidade. Um indivíduo de coletividade igual à nossa, que possua vermelhidão gengiva!, tem 89,21% de probabilidade de ter também edema nas gengivas. Associando-se os sinais gengivais com a ocorrência de perifoliculose ou de nervosismo, embora as associações fossem positivas e significantes ao nível de I% para I grau de liberdade, os coeficientes de Yule foram menores de 0,5 e as probabilidades muito próximas a 50%. Procurando associar a ocorrência de perifoliculose com a de púrpuras nos membros inferiores, encontramos coeficiente de contingência altamente significante e coeficiente de Yule positivo e alto. A probabilidade de um indivíduo de coletividade igual à nossa, e que tenha perifoliculose nos membros inferiores, ter também púrpuras nesta região é de 84,59%. Foi medida pela técnica de Roe e Kuether a ascorbinemia de parte de nossa coletividade. Os resultados, separados em grupos, acham-se resumidos no Quadro XXXIX. 29,3% da coletividade estudada apresentaram taxas sangüíneas tidas seguramente como insuficientes, enquanto que 45,0% com concentrações consideradas como adequadas. Estas dosagens apresentaram média igual a 917,2 fLg de ácido ascórbico por 100 ml de sangue total. O desvio padrão foi ele 565,68 e o êrro padrão da média de 31 ,098. Foram feitas considerações sôbre a interpretação que se deva dar aos resultados da ascorbinemia, tendo em vista as amplas e contínuas oscilações a que está sujeita, oscilações estas devidas na maioria das vêzes, às variações dietéticas. Estas dosagens, para o autor, nem sempre podem traduzir a história dietética quer de um indivíduo quer de uma coletividade. Distribuindo os resultados da ascorbinemia, expressos em médias de dosagens em cada período de 1 O dias obtivemos o Gráfico XV, o qual nos mostra nítidas variações conforme o período considerado. Verificamos, em inquérito alimentar paralelo, que, correspondendo aos períodos de ascorminemia alta, houve nos mercados grande abundância de, principalmente manga (Mangifera indica, L.), goiaba (Psidiunz pommiferum,L.) e caquí (Mimusops Kaki, L.). Foi feita advertência sôbre a interferência da dieta recente nos resultados da ascorbinemia. Estabelecemos comparação entre a ocorrência de sintomas e sinais de deficiência ascórbica com os três grupos, cujos resultados da ascorbinemia estavam dentro dos limites tidos como insuficientes, médios e adequados; o resultado desta comparação acha-se no Quadro XL. Pode fàcilmente ser observado que não houve relação entre a ascorbinemia e a pres2nça de sinais ou sintomas desta carência. Procuramos relacionar a anemia com a deficiência de ácido ascórbico. O Quadro XLI nos mostra que não houve preferência das concentrações altas de hemoglobina para os grupos de maior ascorbinemia. Correlacionando a ocorrência de alterações gengivais com o sinal palidez das mucosas e com os resultados baixos de hemoglobina obtivemos coeficientes de contingência de Pearson, x", não significante e coeficientes de associação de Yule, embora positivos, baixos e valores das probabilidades próximos a 50%. O mesmo foi obtido quando procuramos as associações entre a ocorrência de perifoliculose dos membros inferiores com o mesmo sinal de palidez da mucosa e com as baixas taxas de hemoglobina.

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Publicado

1956-12-01

Edição

Seção

Não Definida

Como Citar

INQUÉRITO SôBRE O ESTADO DE NUTRIÇÃO DE UM GRUPO DA POPULAÇÃO DA CIDADE DE SÃO PAULO. IV - Investigação sôbre a ocorrência de deficiência de ácido ascórbico. (1956). Arquivos Da Faculdade De Higiene E Saúde Pública Da Universidade De São Paulo, 10(1-2), 89-111. https://doi.org/10.11606/issn.2358-792X.v10i1-2p89-111