ESTUDO SOBRE O CORYNEBACTERIUM DIPHTHERIAE. II - OBSERVAÇOES SOBRE BACILOS DIFTÉRICOS E DIFTERÓIDES ISOLADOS EM SÃO PAULO: ASPECTO MORFOLÓGICO, PROPRIEDADES FERMENTATIVAS, VIRULÊNCIA E FREQUÊNCIA DOS TIPOS DE CORYNEVIBACTERIUM DIPHTHERIAE ENCONTRADOS

Autores

  • Dacio de Almeida Chistovão

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2358-792X.v11i1p115-134

Resumo

As propriedades fermentativas do bacilo diftérico são ainda, em grande parte, assunto controvertido. A razão de tal fato se deve à falta de uniformidade das técnicas empregadas .pelos vários investigadores e à existência ou predominância de variedades diversas do microrganismo em locais diferentes. A alta incidência em São Paulo de cêpas de C. diphtheriae virulentas, fermentadoras de sacarose (até 35,7%), torna impossível a distinção entre C. diphtheriae e C. xerose através da fermentação dêsse açúcar. Isso levou o autor a verificar a ação de 193 cêpas virulentas e 129 cêpas de difteróides e diftéricos avirulentos sôbre a dextrina, e de 66 cêpas virulentas e 71 avirulentas, difteróides e diftéricos, sôbre a glicerina, visando a possibilidade do emprêgo dêsses compostos na identificação do bacilo diftérico. A verificação das fermentações foi efetuada em dois meios de cultura, um sólido e outro líquido. Os contrôles apropriados foram empregados. O meio sólido forneceu melhores resultados, os quais se acham apresentados nas tabelas n a v, onde sua distribuição foi feita pela virulência e aspecto morfológico da cêpa. A virulência foi comprovada pela técnica intradérmica em coelho, de Frazer, a qual inclui a averiguação da especificidade das reações positivas. Os dados apresentados revelam claramente, mais uma vez, que só o aspecto morfológico não é caráter suficiente de identificação do bacilo diftérico. As cêpas de diftéricos virulentos estudadas geralmente apresentaram morfologia bastante característica e sempre fermentaram, no meio sólido, a dextrina e a glicerina, além da glicose. A glicerina, às vêzes, foi fermentada somente no quarto dia de incubação. A ação sôbre a sacarose , dada sua importância particular, foi objeto de comunicação especial. Os resultados obtidos com os diftéricos avirulentos e os difteróides não permitiram conclusões absolutas. Observaram-se, no entanto, os seguintes aspectos. Dentre as 185 cêpas avirulentas, 129 eram morfologicamente "não semelhantes" a bacilo diftérico (tabela I); entre as 62 cêpas avirulentas que fermentaram glicose e dextrina, 26 (18 GoDS e 8 GoD- tabela IV) não apresentaram morfologia semelhante à do C. diphtheriae; ao se considerar também a fermentação da glicerina (tabela V), somente 2 das 18 cêpas que atacaram todos os três compostos (colunas GoDSGi e GoDGi), se classificaram como "não semelhantes". Considerando-se as cêpas a virulentas que fermentaram a sacarose, observou-se que pequena proporção das que também atacaram glicose, dextrina e glicerina apresentaram morfologia "não semelhante" enquanto êste caráter predominou entre as cêpas que fermentaram somente a sacarose, glicose e dextrina (tabela V). Não foram encontradas cêpas incapazes de fermentar a glicerina entre as cêpas que atacaram a glicose e dextrina, mas que não fermentaram a sacarose. Parece, portanto, haver razões para atribuir valor diagnóstico à fermentação da glicerina, além daquela da dextrina e glicose. Por outro lado, 6 das 20 cêpas que deixaram de atacar uma ou duas dessas três substâncias (tabela V) e 13 das 84 (tabela IV) que não fermentaram nenhuma das substâncias experimentadas eram morfologicamente semelhantes ao bacilo diftérico, ainda que não tipicamente (tabela III). Poder-se-ia dizer, assim, que há indicações de que a corinebactéria que, no meio sólido empregado, deixar de atacar pelo menos uma das três substâncias - glicose, dextrina e glicerina tem pequena probabilidade de ser C. diphtheriae, mesmo quando sua morfologia se assemelhar à do bacilo diftérico. A tabela VI apresenta a distribuição de 151 cêpas virulentas e 17 avirulentas de C. diphther-Me por tipos e, relativamente às virulentas, segundo a ação sôbre a sacarose. Classificaram-se como do tipo gravis apenas 2,4% ; como do tipo semelhante a gravis, 5,4%; semelhante a mitis, 22,6% e do tipo mitis, 69,6%; entre as cêpas virulentas, encontraram-se, respectivamente, as percentagens 0,7, 4,0 23,2 e 72,2; entre as avirulentas, 17,6, 17,6, 17,6 e 47,1. Revelou-ee nitidamente tendência a maior proporção de tipo mitis entre as cêpas virulentas; tal tendência mostra-se mais intensa tomando-se das virulentas, somente as não fermentadoras da sacarose. Das 4 cêpas gravis, 3 são avirulentas. A única cêpa gravis virulenta fermentou a sacarose. Entre as cêpas virulentas, verifica-se que a sacarose foi fermentada por 19 (17,4%) das 109 pertencentes ao tipo mitis, por 5 (14%) das 35 semelhantes a mitis e por 5 das 6 semelhantes a gravis.

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Publicado

1957-06-01

Edição

Seção

Não Definida

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ESTUDO SOBRE O CORYNEBACTERIUM DIPHTHERIAE. II - OBSERVAÇOES SOBRE BACILOS DIFTÉRICOS E DIFTERÓIDES ISOLADOS EM SÃO PAULO: ASPECTO MORFOLÓGICO, PROPRIEDADES FERMENTATIVAS, VIRULÊNCIA E FREQUÊNCIA DOS TIPOS DE CORYNEVIBACTERIUM DIPHTHERIAE ENCONTRADOS. (1957). Arquivos Da Faculdade De Higiene E Saúde Pública Da Universidade De São Paulo, 11(1), 115-134. https://doi.org/10.11606/issn.2358-792X.v11i1p115-134