Comprem a democracia: o papel dos meios de comunicação de massa e do liberalismo na redemocratização do Chile
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.1982-1689.anagrama.2016.118018Palavras-chave:
Liberalismo, comunicação de massas, televisão, ditadura, Pinochet.Resumo
Em 1988, os meios de comunicação chilenos, em especial a televisão, desempenharam um papel decisivo para a derrocada pacífica do regime militar de Augusto Pinochet Ugarte (1973-1990) no plebiscito daquele ano, a partir da veiculação da exitosa campanha de propaganda eleitoral pela opção "No" (Não) à continuidade do general no poder. Pela primeira vez em 15 anos os lares de todas as partes do Chile recebiam em seus televisores conteúdos, informações e opiniões contrários ao governo, que exerceu forte controle sobre a mídia e grupos opositores desde o primeiro dia do golpe contra o governo democrático de Salvador Allende Gossens. O triunfo do "No" confirmou uma tendência inevitável que a sociedade e mídia chilenas dos anos 80 apresentavam, com uma crescente pressão social pela libertação das amarras autoritárias e instrumentos de repressão sobre os cidadãos. Por conta da adesão da grande mídia ao Regime - seja por meio de censura ou afinidade ideológica - há poucos estudos sobre o impacto de sua atuação para a redemocratização do país; em geral, aponta-se que os veículos alternativos, por seu caráter contestador, tiveram maior relevância para o retorno à democracia. Sem embargo, neste trabalho é apresentada uma visão que diverge das mais comuns, mostrando como os meios tradicionais de comunicação massiva e o contexto de liberalismo econômico ao qual estavam submetidos foram determinantes para que a pressão pela liberalização política do Chile se tornasse insustentável para Augusto Pinochet e seus comandados.