Uma introdução à mediação cultural pós-crítica
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2178-0447.ars.2025.221381Palavras-chave:
caso Retomadas, caso Diva, Mediação cultural, Museologia pós-crítica, Teoria do ator-redeResumo
O artigo propõe uma reformulação da mediação cultural nos termos de uma mediação pós-crítica (ou antropologia das mediações), diante das crises instauradas pela plataformização digital e pelas guerras culturais no campo das artes visuais e da educação. Para tanto, parte de duas situações exemplares (o caso Retomadas e o caso Diva), nas quais algumas “cadeias de equivalência” (político-identitárias) pressupostas pela crítica são interrompidas. O artigo ainda especifica em que sentido emprega o termo “pós-crítico”, além de justificar a pertinência do que propõe com base no reconhecimento de uma crise da crítica, paralela ao advento de uma condição pós-crítica. Sua proposta é amplamente informada pela antropologia simétrica e pela teoria do ator-rede de Bruno Latour, sem deixar de reconhecer uma série de outras contribuições.
Downloads
Referências
BATESON, Gregory. A explicação cibernética. In: BATESON, Gregory. Rumo a uma ecologia da mente. São Paulo: Ubu, 2025. p. 401-411.
BAUDRILLARD, Jean. Forget Foucault. Los Angeles: Semiotext(e), 2007.
BENITES, Sandra; DINIZ, Clarissa. “A todas as pessoas convocadas...”. Select, 12 mai. 2022. Disponível em: https://select.art.br/basta-masp/. Acesso em: 27 maio 2023.
BOLTANSKI, Luc. On critique: a sociology of emancipation. Cambridge: Polity Press, 2011.
BOLTANSKI, Luc; THÉVENOT, Laurent. A justificação: sobre as economias da grandeza; tradução de Alexandre Werneck. Rio de Janeiro: Ed. UFRJ, 2020.
BOURDIEU, Pierre. Crítica da razão teórica. In: BOURDIEU, Pierre. O senso prático. Petrópolis: Vozes, 2013. p. 41-237.
BOYD, Danah. It’s Complicated: The Social Lives of Networked Teens. New Haven; London: Yale University Press, 2014.
BRUM, Eliane. Brasil, construtor de ruínas: Um olhar sobre o país, de Lula a Bolsonaro. Porto Alegre: Arquipélago, 2019.
CASTRO, Eduardo Viveiros. A inconstância da alma selvagem. São Paulo: Cosac Naify, 2011.
CESARINO, Letícia. O mundo do avesso: verdade e política na era digital. São Paulo: Ubu, 2022.
DESCOLA, Philippe. Para além de natureza e cultura. Niterói: Eduff, 2023.
DEWDNEY, Andrew; DIBOSA, David; WALSH, Victoria. Post-critical museology: theory and practice in the art museum. London; New York: Routledge, 2013.
EAGLETON, Terry. Depois da teoria: um olhar sobre os Estudos Culturais e o pós-modernismo. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2014.
EAGLETON, Terry. A função da crítica. São Paulo: Martins Fontes, 1991.
ELLSWORTH, Elizabeth. Why Doesn’t This Feel Empowering? Working Through the Repressive Myths of Critical Pedagogy. Harvard Educational Review, v.59, n. 3, p. 297-324, 1989. DOI: 10.17763/haer.59.3.058342114k266250. Disponível em: https://meridian.allenpress.com/her/article-abstract/59/3/297/31453/Why-Doesn-t-This-Feel-Empowering-Working-Through. Acesso em: 15 jan. 2024.
FELSKI, Rita. The limits of critique. Chicago; London: University of Chicago Press, 2015.
FENWICK, Tara; EDWARDS, Richard. Actor-Network Theory in Education. London; New York: Routledge, 2010.
FESTINGER, Leon. A Theory of Cognitive Dissonance. Stanford: Stanford University Press, 1957.
FISHER, Max. A máquina do caos: como as redes sociais reprogramaram nossa mente e nosso mundo. São Paulo: Todavia, 2023.
FOSTER, Hal. Post-critical? In: FOSTER, Hal. Bad New Days: Art, Criticism, Emergency. London; New York: Verso, 2015. p. 130-139.
FOSTER, Hal. Post-critical. October, v. 139, p. 3-8, 2012.
FOUCAULT, Michel. ¿Qué es la crítica? (Crítica y Aufklärung). In: FOUCAULT, Michel. Sobre la Ilustración. Madrid: Tecnos, 2007. p. 3-52.
FRASER, Nancy. Da redistribuição ao reconhecimento? Dilemas da justiça numa era “pós-socialista”. Cadernos de Campo, v. 15, n. 14-15, p. 231–239, 2006. DOI: 10.11606/issn.2316-9133.v15i14-15p231-239. Disponível em: https://revistas.usp.br/cadernosdecampo/article/view/50109. Acesso em: 15 jan. 2024.
GILROY, Paul. There Ain’t No Black in the Union Jack. London: Routledge, 1987.
HARAWAY, Donna. Ficar com o problema: fazer parentes do Chthuluceno. São Paulo: N-1 edições, 2023.
HONORATO, Cayo. Uma abordagem pós-crítica do caso Retomadas. In: VVAA. (Org.). Retomadas: memória, debate, atravessamentos. São Paulo: Expressão Popular, 2025, p. 129-132.
HONORATO, Cayo. Por uma teoria Diva da arte. In: CYPRIANO, Fabio; ARANTES, Priscila. (Org.). Artes e práticas culturais. São Paulo: Educ, 2024, p. 113-128.
HONORATO, Cayo; SILVA, Diogo M. Mudança estrutural dos contrapúblicos em face a controvérsias artístico-culturais. Revista Poiésis, v. 22, p. 309-343, 2021. DOI: https://doi.org/10.22409/poiesis.v22i38.47572. Disponível em: https://periodicos.uff.br/poiesis/article/view/47572. Acesso em 24 set. 2025.
JAPIASSU, Hilton. O mito da neutralidade científica. Rio de Janeiro: Imago, 1975.
JENKINS, Henry; FORD, Sam; GREEN, Joshua. Cultura da conexão: criando valor e significado por meio da mídia propagável. São Paulo: Aleph, 2015.
KOHN, Eduardo. How Forests Think: Toward na Anthropology beyond the Human. Berkeley. Los Angeles; London: University of California Press, 2013.
LACLAU, Ernesto; MOUFFE, Chantal. Hegemonia e estratégia socialista: por uma política democrática radical. São Paulo: Intermeios; Brasília: CNPq, 2015.
LAPOUJADE, David. William James, a construção da experiência. São Paulo: N-1 edições, 2017.
LATOUR, Bruno. Por que a crítica perdeu a força? De questões de fato a questões de interesse. O que nos faz pensar, v. 29, n. 46, p. 173-204, 2020.
LATOUR, Bruno. Reagregando o social: uma introdução à teoria do Ator-Rede. Salvador: Edufba; Bauru: Edusc, 2012.
LATOUR, Bruno. Políticas da natureza: como fazer ciência na democracia. Bauru: EDUSC, 2004.
LATOUR, Bruno. Jamais fomos modernos: ensaio de antropologia simétrica. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1994.
LATOUR, Bruno; WOOLGAR, Steve. Laboratory Life: The Construction of Scientific Facts. Princeton: Princeton University Press, 1986.
LAW, John. Actor Network Theory and Material Semiotics. In: TURNER, Bryan S. (ed.). The New Blackwell Companion to Social Theory. 2. ed. Malden: Wiley-Blackwell, 2009. p. 141–158. DOI: 10.1002/9781444304992.ch7. Disponível em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/9781444304992.ch7. Acesso em 15 jan. 2024.
MARRAS, Stelio. O vozerio da pós-verdade e suas ameaças civilizacionais. In: OLIVEIRA, Joana Cabral et al. (org.). Vozes vegetais: diversidade, resistências e histórias da floresta. São Paulo: Ubu; IRD, 2020. p. 37-56.
MASP. Nota 14.5.22 sobre a exposição Histórias Brasileiras, 14 mai. 2022a. Disponível em: https://bit.ly/4b0fBbq. Acesso em 27 mai. 2023.
MASP. Nota 20.5.22 sobre a exposição Histórias Brasileiras, 20 mai. 2022b. Disponível em: https://bit.ly/4b0fBbq. Acesso em 27 mai. 2023.
MBEMBE, Achille. Necropolítica. Arte & Ensaios, n. 32, p. 122-151, 2016. Disponível em: https://revistas.ufrj.br/index.php/ae/article/view/8993. Acesso em 24 mar. 2025.
MONTERO, Javier Rodrigo. Experiências de mediação crítica e trabalho em rede nos museus: das políticas de acesso às políticas em rede; tradução de Lucas Oliveira. Fórum Permanente, n. 6, 2016. Disponível em: https://www.
forumpermanente.org/revista/numero-6-1/conteudo/experiencias-de-mediacao-critica-e-trabalho-em-rede-nos-museus-das-politicas-de-acesso-as-politicas-em-rede. Acesso em: 15 jan. 2024.
MORAES, Carolina; PERASSOLO, João. Funcionários do Masp afirmam que fotos do MST não foram censuradas. Folha de São Paulo, 23 mai. 2022. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2022/05/funcionariosdo-
masp-afirmam-que-fotos-do-mst-nao-foram-censuradas.shtml. Acesso em 28 mai. 2023.
MÖRSCH, Carmen. Contradecirse uno mismo: la educación en museos y exposiciones como práctica crítica. In: COLLADOS, Antonio; RODRIGO, Javier (ed.). Transductores: Pedagogías en red y prácticas instituyentes. Granada: Centro José Guerrero, 2012. p. 38-58.
MOURA, Mariluce. Jean-Pierre Changeux: A biologia sob a consciência. Revista Pesquisa Fafesp, edição 186, ago. 2011. Disponível em: https://revistapesquisa.fapesp.br/jean-pierre-changeux-a-biologia-sob-a-consci%C3%AAncia/. Acesso em 09 fev. 2023.
MST. Decisão do MASP desrespeita a história do MST. MST, 12 mai. 2022. Disponível em: https://mst.org.br/2022/05/12/decisao-do-masp-desrespeitaa-historia-do-mst/. Acesso em 27 mai. 2023.
NAGLE, Angela. Kill All Normies: Online Culture Wars from 4Chan and Tumblr to Trump and the Alt-Right. Winchester; Washington: Zero Books, 2017.
NOTARI, Juliana. Em meio a tantas rochas..., 30 dez. 2020. Facebook: juliana.notari. Disponível em https://bit.ly/3ETASo6. Acesso: 18 jun. 2023.
PACHECO, José Augusto; SOUSA, Joana. O (pós) crítico na Desconstrução Curricular. Revista Tempos e Espaços em Educação, v. 9, n. 18, p. 65-74, 2016.
POLANYI, Michael. Personal knowledge: towards a post-critical philosophy. London: Routledge, 2005.
ROCHA, João Cezar de Castro. Guerra cultural e retórica do ódio. Goiânia: Caminhos, 2021.
ROCHA, João Cezar de Castro. Bolsonarismo: Da guerra cultural ao terrorismo doméstico. Belo Horizonte: Autêntica, 2023.
SEDGWICK, Eve Kosofsky. Leitura paranoica e reitura reparadora, ou, você é tão paranoico que provavelmente pensa que este ensaio é sobre você. Remate de Males, v. 40, n. 1, p. 389-421, 2020. DOI: 10.20396/remate.v40i1.8658630. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/remate/article/view/8658630. Acesso em 29 mar. 2025.
SERRES, Michel. Diálogo sobre a Ciência, a Cultura e o Tempo – conversas com Bruno Latour. Lisboa: Instituto Piaget, 1996.
SILVA, Tomaz Tadeu da. Documentos de identidade: uma introdução às teorias do currículo. Belo Horizonte: Autêntica, 2002.
STEFANONI, Pablo. A rebeldia tornou-se de direita? Tradução de Beatriz Marchesini. Campinas: Editora UNICAMP, 2022.
TEITELBAUM, Benjamin. Guerra pela eternidade: o retorno do Tradicionalismo e a ascensão da direita populista. Campinas: Editora da UNICAMP, 2020.
THOMPSON, E.P. A miséria da teoria – ou um planetário de erros. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1981.
VVAA. Retomadas: memória, debate, atravessamentos. São Paulo: Expressão Popular, 2025.
VENTURINI, Tommaso. Diving in magma: how to explore controversies with actor-network theory. Public Understanding of Science, v. 19, n. 3, p. 258-273, 2010. DOI: 10.1177/0963662509102694. Disponível em: https://journals.sagepub.com/doi/10.1177/0963662509102694. Acesso em: 15 jan. 2024.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Cayo Honorato

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
É responsabilidade dos autores a obtenção da permissão por escrito para usar em seus artigos materiais protegidos por lei de Direitos Autorais. A revista Ars não é responsável por quebras de Direitos Autorais feitas por seus colaboradores.
Os autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho licenciado sob Licença Creative Commons do tipo CC-BY.
Os licenciados têm o direito de copiar, distribuir, exibir e executar a obra e fazer trabalhos derivados dela, inclusive para fins comerciais, conquanto deem os devidos créditos ao autor ou licenciador, na maneira especificada por estes.
O licenciado se compromete a oferecer os créditos apropriados, o link para acesso à licença e a informar caso qualquer alteração no material original tenha sido feita.
Conquanto respeitados os termos da licença, não é permitida ao licenciador/autor a revogação dessas condições.
Após a publicação dos artigos, os autores permanecem com os direitos autorais e de republicação do texto, sendo permitida sua publicação posterior exclusivamente em livros inéditos e coletâneas.
