Da heterogeneidade à hegemonia: a arte dos Estados Unidos nas primeiras Bienais de São Paulo

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DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2178-0447.ars.2025.242079

Palavras-chave:

Arte norte-americana no Brasil, Artes visuais e Guerra Fria, Estados Unidos nas Bienais de São Paulo

Resumo

Este artigo investiga a participação dos Estados Unidos nas duas primeiras edições da Bienal de São Paulo, analisando a relação entre arte, política e diplomacia cultural no contexto da Guerra Fria. O texto examina as estratégias de promoção da arte norteamericana, destacando o papel do Museum of Modern Art (MoMA) na organização e curadoria, bem como a atuação da United States Information Agency (USIA) e de Nelson Rockefeller. Por meio de fontes primárias, explora as dinâmicas e tensões entre autonomia artística e interesses geopolíticos do governo dos Estados Unidos. Nesse contexto, a Bienal funcionou como palco crucial para a diplomacia cultural americana, projetando uma imagem de liderança na arte contemporânea e promovendo valores de liberdade e
inovação. Em suma, a Bienal consolidou-se como um espaço estratégico para a arte e a construção de alianças, mas também de disputa e negociação de significados.

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Biografia do Autor

  • Dária Jaremtchuk, Universidade de São Paulo

    Dária Jaremtchuk é Professora Livre Docente pela Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH/USP). Possui graduação em Filosofia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1991), Mestrado (1999) e Doutorado (2004) em Artes pela Universidade de São Paulo. É professora de História das Artes nos cursos de graduação da EACH/USP e de Pósgraduação em Artes Visuais da ECA/USP. Foi pesquisadora visitante na Brown University (2011-2012) e na Georgetown University (2017-2018), com financiamento da FAPESP. Em 2016, participou do Programa Ano Sabático do Instituto de Estudos Avançados (IEA/USP) com investigação sobre o trânsito de artistas brasileiros para os Estados Unidos nas décadas de 1960 e 1970. No primeiro semestre de 2019, foi professora visitante na Emory University, Atlanta, por ter sido selecionada pelo Programa Fulbright para a Cátedra de Estudos Brasileiros. Atualmente, realiza pesquisas dedicadas a compreender os "exílios artísticos" nas décadas de 1960 e 1970, assim como as representações oficiais dos Estados Unidos nas Bienais de São Paulo. Como pesquisadora principal, participa do projeto temático "Geopolíticas institucionais: arte em disputa nas mostras internacionais circulantes no Brasil (1948-1978)". Seu livro mais recente, Políticas de atração: relações culturais entre Estados Unidos e Brasil nas décadas de 1960-1970, foi publicado pela editora UNESP, com o apoio da FAPESP.

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Publicado

2025-11-28

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Jaremtchuk, D. (2025). Da heterogeneidade à hegemonia: a arte dos Estados Unidos nas primeiras Bienais de São Paulo. ARS (São Paulo), 23, e-242079. https://doi.org/10.11606/issn.2178-0447.ars.2025.242079