Crítica de arte: um modo singular de produção de escrita

Resumo

O texto examina o ocaso contemporâneo da crítica de arte, gênero literário ao qual a modernidade do século XIX havia conferido extraordinária potência crítica, nascido sob os auspícios de uma nascente cultura de massas e tendo alcançado plena maturidade cultural entre os anos 1930 e 1970. Argumenta que  os primeiros sinais desse ocaso teriam vindo à tona no último quartel do século XX, e que eles estariam ligados ao surgimento de um onipresente sistema da arte e da cultura, que desde então se teria firmado como uma nova esfera pública da arte. O recuo da crítica de arte (ao menos nos termos em que a modernidade a forjara) estaria, conforme aduz a autora, crucialmente ligado ao desaparecimento do modo de produção do próprio trabalho de arte tal como se forjara na modernidade. A saída de cena dessa modalidade de escrita ensaística notavelmente influente na arte do século XX estaria ainda associada, conforme conclui a autora, à profissionalização e cerrada institucionalização do ambiente artístico e cultural encetadas naquele período, fatores graças aos quais a produção artística passara a emergir imediatamente para uma nova e onipresente esfera da cultura, com sua constelação lábil e diversificada de novos atores que doravante se introduziam como mediadores entre essa produção e o público.