“Lá no alto se canta o tempo inteiro”: canto, escuta e ressonância no modo de vida Guarani Mbya.

Autores

  • Renata Andriolo Abel Universidade Federal de Santa Catarina

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2316-9133.v32i1pe188095

Palavras-chave:

Guarani Mbya, Canto, Escuta, Ressonância, Memória

Resumo

Este artigo tem como eixo a percepção dos kyringue mborai, cantos das crianças Guarani Mbya, como uma chave dos processos de ensinar, aprender e conhecer e, portanto, da (trans)formação da pessoa guarani. Isso reverbera em uma atenção especial ao corpo e, igualmente, aos processos de sensibilização que o constituem, perspectivados a partir da noção de aprender a escutar/sentir (-endu). O aprimoramento do campo sensível parece ocorrer conforme os cantos reverberam/ressoam no corpo, o que leva à compreensão de que fazer sentido é, antes que entender racionalmente um significado, fazer sentir. Por fim, o cantar (para ser escutado) surge como um modo particular de fazer durar tanto a vida na Terra quanto a Terra mesma.

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Biografia do Autor

  • Renata Andriolo Abel, Universidade Federal de Santa Catarina

    Licenciada em Ciências Sociais (UFSC). Mestranda em Antropologia Social na Universidade Federal de Santa Catarina.

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Publicado

2023-06-30

Edição

Seção

Artigos e Ensaios

Como Citar

Abel, R. A. (2023). “Lá no alto se canta o tempo inteiro”: canto, escuta e ressonância no modo de vida Guarani Mbya. Cadernos De Campo (São Paulo - 1991), 32(1), e188095. https://doi.org/10.11606/issn.2316-9133.v32i1pe188095