Arqueologia e Magia
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.1517-0128.v2i35p232-249Palavras-chave:
Arqueologia, Magia, Enunciado, Assinatura, Michel FoucaultResumo
A natureza não deixa nada sem assinar. Parece haver, no gesto da emissão de sinais, um propósito ético que pouco pode ser compreendido à luz das ciências humanas. Pensando diferente do registro científico, o objetivo geral deste artigo será descrever o jogo de penumbra pela qual a arqueologia de Michel Foucault aproxima-se do paradigma da magia. A magia é uma prática espiritual consigo, com o outro e com o mundo, que não se pode reduzir à representação e à significação. A hipótese que levanto busca averiguar em que medida o paradigma da magia é presente nos escritos arqueológicos de Michel Foucault, ainda que o pensador francês pouco se refira diretamente a ele, tarefa que implica uma escavação sobre os rastros deixados nas entrelinhas de seu pensamento, como fez seu contemporâneo Giorgio Agamben. Para tanto, enfocarei a ressonância existente entre os conceitos de (a) enunciado e assinatura e (b) a priori histórico e mana. Sabemos que enunciado e a priori histórico são dois operadores centrais ao pensamento arqueológico. Minha tarefa será mostrar que eles são íntimos à assinatura e à mana, ambas noções provenientes do campo da magia. Não será difícil percebermos que a arqueologia bebe no paradigma da magia ao ponto de se embriagar, o que permite pensar com saberes e práticas que foram eclipsados desde o pensamento secularizado e o iluminismo. Dessa maneira, a Arqueologia se inscreve como um ethos ainda a ser desvendado, espécie de anticiência das assinaturas.
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