O feminismo espinosano de Marilena Chaui: Espinosa contra as Amazonas ou a hipótese contrária

Autores

  • Henrique Piccinato Xavier Universidade de São Paulo. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.1517-0128.v39i2p278-295

Palavras-chave:

Marilena Chaui, Bento de Espinosa, Feminismo, Democracia, Tratado político

Resumo

A partir de um dos primeiros textos publicados por Marilena Chaui, o “Terceira margem. Notas para um rodapé selvagem” de 1976, que inaugura a sua reflexão acerca do estatuto político das mulheres e, ao mesmo tempo, amadurece suas primeiras ideias acerca do que viria constituir o Nervura do real (sua principal obra sobre Espinosa), o nosso ensaio se pergunta acerca da possibilidade de um feminismo espinosano operando na obra de Chaui. Para tanto, procuramos dar conta de como o referido texto de 1976 aborda a aparente hipótese da rejeição da participação das mulheres na democracia no Tratado político de 1677 de Espinosa, sendo esta rejeição um problema enfrentado pelas principais feministas contemporâneas que recorrem à filosofia de Espinosa para fundamentar suas ideias e lutas. Levando em conta esta última consideração e o fato de que no Brasil ainda sejam raras as aproximações entre feminismo e Espinosa (algo diferente do que acontece internacionalmente), o nosso ensaio apresenta um apêndice contendo o mapeamento das principais obras, autoras e linhas do que contemporaneamente vem a ser chamado de feminismo espinosano.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Henrique Piccinato Xavier, Universidade de São Paulo. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

    Doutor em Filosofia pelo Departamento de Filosofia da FFLCH-USP.

Referências

ARENDT, Hannah. A condição humana. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2016.

ARMSTRONG, Aurelia. Autonomy and the relational individual: Spinoza and feminism. In: GATENS, Moira (org.). Feminist interpretations of Benedict Spinoza. State College: Pennsylvania State University Press, 2009.

ARMSTRONG, Aurelia; GREEN, Keith; SANGIACOMO, Andrea. Spinoza and Relational Autonomy. Edinburgh: Edinburgh University Press, 2019.

BALZA, Isabel. “Los feminismos de Spinoza: corporalidad y renaturalización”. Daimon, n. 63. Múrcia: 2014.

BOTTICI, Chiara. “Bodies in plural: Towards an anarcha-feminist manifesto”. La Deleuziana, n. 8, 2018.

BRAIDOTTI, Rosi. Nomadic theory. Columbia: Columbia University Press, 2011.

BUTLER, Judith. Problemas de gênero. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.

BUTLER, Judith. Undoing Gender. Abingdon: Routledge, 2004.

BUTLER, Judith. Spinoza’s Ethics under Pressure. In: Senses of the subject. Nova Iorque: Fordham University Press, 2015.

CHAUI, Marilena. “Terceira margem. Notas para um rodapé selvagem”. Almanaque. Cadernos de Literatura e Ensaio, no 2, p. 54-58. São Paulo: 1976.

CHAUI, Marilena. Repressão sexual: essa nossa (des)conhecida. São Paulo: Brasiliense, 1984.

CHAUI, Marilena. “Sobre as Mulheres: notas para um rodapé selvagem”, mimeo cedido pela autora. 2002.

CHAUI, Marilena. No prelo, título a definir (volume sobre gênero e sexualidade) - Vol. 8 da Coleção Escritos de Marilena Chaui. Belo Horizonte: Editora Autêntica, 2021.

ESPINOSA, Bento. Tratado político. São Paulo: Editora Martins Fontes, 2009.

FEREZ, Cecilia Abdo. Gobernar a las mujeres. La proposición XI, 4 del Tratado Político de Spinoza, o los problemas de la relación naturaleza e historia. In: JABASE, A. L.; MERILES, A.; PRONELLO, C. L.; RIVERA, F. (org). Spinoza Maledictus. Córdoba: Universidad Nacional de Córdoba, 2018.

FEREZ, Cecilia Abdo. Contra las mujeres. (In)Justicia en Spinoza. Madri: Ediciones Antígona, 2019.

FERREIRA, Maria Luísa Ribeiro. Haverá uma salvação para as mulheres? A hipótese do livro V da Ética de Espinosa. In: Uma suprema alegria: escritos sobre Espinosa. Coimbra: Quarteto, 2003.

FERREIRA, Maria Luísa Ribeiro. “Corpo potência e política – Espinosa e os direitos das mulheres”. Araucária, Rev. Iberoamericana de Filosofia, Política y Humanidades, n. 39. Sevilha: 2018.

FRAGOSO, Emanuel Angelo da Rocha. A condição política da mulher no Tratado político de Benedictus de Spinoza. In: BECKER, C.; FRAGOSO, E.; GUIMARAENS, F.; ITOKAZU, E.; ROCHA, M.. Spinoza e nós. Vol. 2. Rio de Janeiro: Ed. PUC-Rio, 2017.

GATENS, Moira. Imaginary Bodies: Ethics, Power and Corporeality. Routledge, Abingdon, 1995.

GATENS, Moira. Feminist Interpretations of Benedict Spinoza. State College: Pennsylvania State University Press, 2009.

GATENS, Moira; LLOYD, Genevieve Mary. Collective imaginings: Spinoza, past and present. Abingdon: Routledge, 1999.

HULL, Gordon. Of Suicide and Falling Stones: Finitude, Contingency, and Corporeal Vulnerability in (Judith Butler’s) Spinoza. In: SHARP, Hasana; SMITH, Jason E. (eds). Between Hegel and Spinoza: A Volume of Critical Essays. Londres: Bloomsbury, 2012, p. 151-169.

JABASE, Ana Leila; MERILES, Alejandra; PRONELLO, Carmela Las heras; RIVERA, Francisco (orgs.). Spinoza Maledictus. Córdoba: Universidad Nacional de Córdoba, 2018.

JAMES, Susan. Freedom and the Imaginary. In: JAMES, Susan; PALMER, Stephanie (eds.). Visible Women: Essays on Feminist Legal Theory and Political Philosophy. Londres: Hart-Bloomsbury, 2002.

LARRAURI, Maite. “Spinoza y las mujeres”. Documento de trabajo do Department of Spanish & Portuguese, University of Minnesota, n. 9 (traduzido como “Spinoza e as mulheres”, 2006, em Kalagatos, v. 3, n. 6, Fortaleza). Minneapolis: 1989.

LISPECTOR, Clarice. Perto do coração selvagem. Rio de Janeiro: Rocco, 1943.

LLOYD, Genevieve Mary. The Man of Reason. Londres: Methuen, 1984.

LLOYD, Genevieve Mary. Part of Nature: Self-Knowledge in Spinoza’s Ethics. Ithaca: Cornell University Press, 1994.

LORD, Beth. “The Impersonal is Political: Spinoza and a Feminist Politics of Imperceptibility”. Hypatia, vol. 24, n. 4, 2009.

LORD, Beth. “‘Disempowered by Nature’: Spinoza on The Political Capabilities of Women”. British Journal for the History of Philosophy, vol. 19, n. 6, 2011.

MATHERON, Alexandre. Femmes et serviteurs dans la démocratie spinoziste. In: HESSING, Siegfreid (ed.). Speculum Spinozanum 1677-1977. Abingdon: Routledge and Kegan Paul, p. 368-386, 1978.

OLIVA, Luís César; XAVIER, Henrique. “Clarice e Espinosa: batidas (des)ordenadas entre dois corações”. Santa Barbara Portuguese Studies, v. 2. Santa Barbara: 2018.

PORCHAT, Patrícia. “Um corpo para Judith Butler”. Periodicus, n. 3, v. 1. Salvador: 2015.

RICHARDSON, Janice. The Classic Social Contractarians: Critical Perspectives from Contemporary Feminist Philosophy and Law. Routledge, Abingdon: 2013.

RICHARDSON, Janice. “Spinoza, Feminism and Privacy: Exploring an Immanent Ethics of Privacy”. Fem Leg Stud, n. 22, 2014.

RICHARDSON, Janice. “Spinoza, Kant and the sublime”. Textual Practice, Volume 33, Issue 5: Spinoza’s Artes, 2019.

RICHARDSON, Janice. “Spinoza’s Conception of Personal and Political Change: A Feminist Perspective”. Law and Critique, vol. 31, 2020.

SHARP, Hasana. Desire for Recognition? Butler, Hegel, and Spinoza. In: Spinoza and the Politics of Renaturalization. Chicago: University of Chicago Press, 2011.

SHARP, Hasana. Spinoza and The Politics of Renaturalization. Chicago: University of Chicago Press, 2011.

SHARP, Hasana. “Eve’s Perfection: Spinoza on Sexual (In)Equality”. Journal of the History of Philosophy, n. 50.4. Baltimore: 2012.

SHARP, Hasana; TAYLOR, C. (org). Feminist Philosophies of Life. Montreal: McGill-Queen’s University Press, 2016.

SILVESTRI, Leonor. Zine Spinoza – Taller mecánico para máquinas sensibles. Zine virtual, publicado pela autora, 2016.

SILVESTRI, Leonor. Primavera Con Monique Wittig. El Devenir Lesbiano Con El Dildo En La Mano De Spinoza Transfeminista. Buenos Aires: Queen Ludd, 2019.

XAVIER, Henrique. “Histórias da sexualidade à brasileira”. In: BREGANTINI, Daysi (org.). Marilena Chaui: pensamento, afetos e análise da obra. São Paulo: Editora Cult, 2020.

Downloads

Publicado

2021-12-21

Como Citar

Xavier, H. P. (2021). O feminismo espinosano de Marilena Chaui: Espinosa contra as Amazonas ou a hipótese contrária. Cadernos De Ética E Filosofia Política, 39(2), 278-295. https://doi.org/10.11606/issn.1517-0128.v39i2p278-295