Das migrações nordestinas às referências culturais na embaixada fluminense: festas populares, entretenimento e celebração entre o rural e o urbano
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2595-2536.v36i1p100-115Palavras-chave:
Migrações, Nordestinos, Identidades, Festa Junina, Quadrilhas JuninasResumo
A partir das discussões sobre as representações da diversidade que forma os sentidos do “ser nordestino”, faz-se ímpar, desconstruir a narrativa que infla a ideia de regionalismos e mesmo nordestinidade, que ao mesmo tempo reflete aspectos identitários que narram fatores preponderantes do imaginário nordestino nas viagens que sujeitos e grupos fizeram em direção a territórios atualmente consagrados de estados e grupos. A partir das formações identitárias, muitos grupos protagonizam referências culturais significativas para a localidade, como é o caso da Baixada Fluminense, composta por um grande contingente de nordestinos e seus descendentes. Essas identidades acabam carregando tensões entre o que os identificam no grupo e o que os distanciam da essencialização, muitas vezes, transmutado de preconceitos e segregações, não como dicotomias, mas enquanto transformação ou mesmo dinamismo cultural. Para Woodward (2003), a identidade é relacional, reivindicatória, material e de autoafirmação. E no caso da identidade nordestina, na perspectiva de Borges (2007, p.21), “não existe uma só cultura nordestina, mas várias, à medida que estas não são homogêneas e cada Estado tem as suas particularidades culturais”. Para Borges (2007) há uma desconstrução e reconstrução da identidade, na qual se contrapõe os sentidos de si, os sentidos sobre si e os sentidos dados para si, levando em consideração as resistências, as redes de relações, os costumes, as atitudes, os comportamentos e suas respectivas origens e representações. Sobre as representações, Chartier (1990) as considera como discursos, carregados de sentidos que produzem estratégias e práticas indutivas. Assim, este artigo visa tratar de práticas festivas enquanto materialidades de identificação de grupos na Baixada Fluminense por meio de referencial bibliográfico e qualitativo, por meio de entrevistas de grupos de quadrilha e seu universo festivo junino. Como resultados almeja-se compreender representações relevantes para a comunidade junina e para a sociedade em geral, especialmente em âmbito rural e urbano nas relações de representatividade.
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Entrevistas
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