A infância dos meninos do recife nas gravuras de “Abelardo de Todas as Horas”

Autores

  • Maurício Roberto da Silva Universidade Federal de Santa Catarina

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2595-2536.v36i1p116-147

Resumo

Faço a minha arte respondendo a uma necessidade vital. Como quem ama ou sofre, se alegra ou se revolta, aprova ou denuncia e reverbera. Fruto das coisas que a vida ensina. Reflexo da convivência social e fixação de elementos sedimentados pela cultura da humanidade no seu itinerário histórico-social. Tenho compromissos fundamentais com a cultura brasileira e com o povo da minha terra.

A minha arte é feita dos meus sentimentos e de meus pensamentos: nunca os separo. A marca mais forte do meu trabalho tem sido, entretanto, o sofrimento e a solidariedade. A tônica é o amor: amor pela vida, que se manifesta também pela repulsa violenta contra a fome e a miséria, contra todos os tipos de brutalidade. Às vezes grito violentamente nos ouvidos dos brutos e dos antropoides monstruosos que forjam as guerras e as discriminações. Mas às vezes canto: as vitórias da minha gente, as belezas da vida. Não faço arte para colegas verem nem para os críticos. Faço arte para mim e para minha gente. Acho que o grande apelo atual da humanidade é a paz, o entendimento, a solidariedade e o amor, enfim. Pretendo que a minha arte seja mais uma voz a reforçar esse apelo. (Abelardo da Hora: 90 anos de Vida e Arte. Curadoria de Renato Magalhães. Exposição na Caixa Cultural do Recife, 11 de agosto a 27 de setembro de 2015).

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Biografia do Autor

  • Maurício Roberto da Silva, Universidade Federal de Santa Catarina

    Professor aposentado da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)

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Publicado

2025-06-30

Como Citar

Silva, M. R. da. (2025). A infância dos meninos do recife nas gravuras de “Abelardo de Todas as Horas”. Cadernos CERU, 36(1), 116-147. https://doi.org/10.11606/issn.2595-2536.v36i1p116-147