Preservação de territórios culturais: os asilos-colônia Santo Ângelo (Mogi das Cruzes) e Aimorés (Bauru) e as cidades paulistas

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.1980-4466.v18i36p41-72

Palavras-chave:

Patrimônios marginais, Hanseníase, Patrimônio cultural da saúde

Resumo

Entre 1930 e 1960, a política de tratamento dos hansenianos por meio do isolamento implantada no estado de São Paulo tornou-se modelo para muitas cidades brasileiras. Os asilos-colônia, complexos hospitalares criados para essa finalidade, foram pensados para funcionar em rede, de forma que pudessem abranger todo o estado a partir de cinco asilos-colônia: Santo Ângelo, Padre Bento,  Pirapitingui, Cocais e Aimorés. Esses asilos – construídos entre 1920 e 1930 – foram tombados pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico entre 2016 e 2018. Sua história, ligada a essa cadeia de instituições de tratamento, demandou uma abordagem de estudo de conjunto, mas também uma leitura dos próprios territórios onde estão inseridos, pois entende-se que esses complexos não se mantiveram alheios aos processos políticos e de planejamento locais. Assim, o objetivo principal da pesquisa foi estudar os asilos-colônia como equipamentos complexos de escala urbano-territorial. A partir de um levantamento preliminar dos cinco asilos tombados, foram selecionados dois deles para estudo de caso: o Santo Ângelo (Mogi das Cruzes) e o Aimorés (Bauru). Buscou-se avaliar as condições de uso, apropriação e os significados atuais desses complexos, tanto por seu papel no desenvolvimento territorial dos municípios onde estão situados, quanto, principalmente, para as populações locais. A pesquisa se apoiou nos métodos histórico-analítico e empírico. O resultado possibilitou a ampliação da discussão sobre os asilos-colônia como territórios culturais e apontar novos critérios de apreensão dos significados culturais a eles relacionados, como contribuição à reflexão sobre a preservação dos denominados “patrimônios marginais”.

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Biografia do Autor

  • Bianca Maria Batista Janotti, Pontifícia Universidade Católica de Campinas

    Arquiteta e urbanista pela Universidade São Judas Tadeu. Doutoranda e mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da Pontifícia Universidade Católica de Campinas.

  • Maria Cristina da Silva Schicchi, Pontifícia Universidade Católica de Campinas

    Professora titular e pesquisadora do Programa de Pós-Graduação e da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Pontifícia Universidade Católica de Campinas. Bolsista Produtividade em Pesquisa CNPq Nível 2. Arquiteta e urbanista, doutora pela Universidade de São Paulo. Pós-doutora junto ao Programa Oficial de Postgrado de la Universidad de Sevilla.

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Publicado

2023-12-29

Edição

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Artigos

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Como Citar

Janotti, B. M. B., & Schicchi, M. C. da S. (2023). Preservação de territórios culturais: os asilos-colônia Santo Ângelo (Mogi das Cruzes) e Aimorés (Bauru) e as cidades paulistas. Revista CPC, 18(36), 41-72. https://doi.org/10.11606/issn.1980-4466.v18i36p41-72