A destruição dos restos da destruição: Pompeia e Herculano no Museu Nacional do Rio de Janeiro

Autores

  • Anita Correia Lima de Almeida Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.1980-4466.v19i37p13-34

Palavras-chave:

Patrimônio arqueológico, Acervo museológico, Incêndio

Resumo

Pertencentes à Coleção Teresa Cristina, peças de Pompeia e Herculano faziam parte da exposição permanente do Museu Nacional quando a instituição foi destruída pelo incêndio devastador de setembro de 2018. Aqueles restos materiais das cidades romanas soterradas pelo Vesúvio em 79 EC, afrescos, joias de bronze, amuletos, vidros, lamparinas e outros objetos da vida cotidiana tinham permanecido debaixo de grossas camadas de material eruptivo por quase dois mil anos. Resgatados em sucessivas escavações arqueológicas ao longo dos séculos XVIII e XIX e, afinal, musealizados, eles retornavam às cinzas, agora do incêndio. A história da formação desse acervo se vincula ao Segundo Reinado por estreitos nexos políticos. Assim, o que se pretende é olhar para a longa trajetória dessas peças, buscando examinar os usos simbólicos de que elas foram objeto no Rio de Janeiro oitocentista.

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Biografia do Autor

  • Anita Correia Lima de Almeida, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil

    Doutora em História pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, é professora da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). Atua na Linha de Patrimônio Cultural do Programa de Pós-Graduação em História (PPGH – UNIRIO), dedicando-se à pesquisa no campo da História dos Desastres.

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Publicado

2024-10-31

Como Citar

Almeida, A. C. L. de. (2024). A destruição dos restos da destruição: Pompeia e Herculano no Museu Nacional do Rio de Janeiro. Revista CPC, 19(37), 13-34. https://doi.org/10.11606/issn.1980-4466.v19i37p13-34