Os trampos de uma pesquisa social: aproximações com os dramas vividos por domésticas-diaristas
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.1981-0490.cpst.2025.210409Palavras-chave:
Pesquisa social, Trabalhadoras domésticas, Psicologia social do trabalhoResumo
Este ensaio discute os movimentos empíricos vividos por um pesquisador social na produção de sua tese de doutorado. A exposição prioriza apontamentos práticos nos processos de estudo, aproximações com a realidade e escrita do texto. O objetivo é refletir como as disposições para investigar e interpretar informações em numa pesquisa social exigem constantes alinhamentos entre as possibilidades de campo, aquilo que se observa na realidade social e os aportes teóricos que ajudam a iluminar essa compreensão. Para tanto, descrevem-se alguns conflitos e soluções engendradas em uma pesquisa com trabalhadoras domésticas-diaristas durante o período de pandemia de covid-19. A pesquisa, que fundamenta este ensaio, foi construída a partir da perspectiva da Psicologia Social do Trabalho e aliou inspirações etnográficas com entrevistas qualitativas para analisar as vivências dramáticas dentre os processos organizativos de trabalho e de sobrevivência dessas trabalhadoras. A partir das práticas descritas, conclui-se que o exercício de pesquisa social transforma a interpretação objetiva do pesquisador ao desafiá-lo, estabelecendo aproximações e realinhamentos dos estudos junto ao público de interesse.
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