"Mas afinal, o que querem as mulheres?" O lugar da mulher na obra Em surdina
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.1984-1124.i29p105-120Palavras-chave:
Mulher, Crítica, Tradição, Década de 30, Lúcia Miguel PereiraResumo
Em Surdina (1933) é o segundo romance publicado por Lúcia Miguel Pereira. Como explica Luís Bueno (2006), essa obra apresenta forte tendência documental, comum nos romances sociais da década de 30. Assim, põe em destaque as contradições do tempo, desde a desagregação de valores, passando aos costumes, ao papel mediador do trabalho na construção das identidades, à economia e às relações internacionais. Contudo, o mais evidente diálogo com o contexto pode ser entrevisto na postura das personagens, sobretudo no temor de viver a vida por algumas mulheres. Há, na narrativa, aquelas criaturas que experimentam diversos tipos de sensações, porém a narrativa é protagonizada por Cecília. Esta tem sua existência questionada a partir do pedido de casamento. Se no discurso tradicional, o casamento constitui uma forma de controle do homem sobre a mulher, contraditoriamente, nessa narrativa, o casamento é posto, na perspectiva crítica do narrador, como a única forma encontrada pela mulher para gozar a vida. Esse convite ao carpe diem provoca em Cecília certo questionamento sobre si mesma e sobre o contexto tradicional que condiciona as práticas, sobretudo das mulheres. Portanto, a narrativa nos apresenta mecanismos de reflexões sobre o modo de vida da mulher e o lugar ocupado por ela naquela sociedade, tanto a ficcional quanto a real.
Downloads
Referências
ALVES, Branca Moreira; PITANGUY, Jacqueline. O que é feminismo. 3. ed. São Paulo: Brasiliense, 1983.
BADINTER, Elisabeth. XY: sobre a identidade masculina. Rio de Janeiro: Rocco, 1993.
BEAUVOIR, Simone de. O segundo sexo: a experiência vivida. Trad. Sérgio Milliet. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980.
BUENO, Luís. Uma história do romance de 30. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo; Campinas: Editora da Unicamp, 2006.
COELHO, Nelly Novaes. “A literatura feminina no Brasil- das origens medievais ao século XX”. In: DUARTE, Constância; DUARTE, Eduardo de Assis; BEZERRA, Kátia. (Orgs.)
Mulher e literatura: I- gênero e representação. Teoria, história e crítica. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2002. Coleção Mulher & Literatura.
PRIORE, Mary del. História do amor no Brasil. São Paulo: Contexto, 2005.
FREUD, Sigmund. “A feminidade”. Trad. Odilon Galloti, Isaac Izecksohn e Gladstone Parente. In: FREUD, Sigmund. Obras completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Delta, s.d. p.117-141.
GIULANI, Paola Cappellin. “Os movimentos de trabalhadoras e a sociedade brasileira”. In: PRIORE, Mary del. História das mulheres no Brasil. 2 ed. São Paulo: Contexto, 1997.
NYE, Andrea. Teorias feministas e as filosofias do homem. Trad. Nathanael C. Caixeiro. Rio de Janeiro: Recorde: Rosa dos tempos, 1995.
PEREIRA, Lúcia Miguel. Em surdina. Rio de Janeiro: Ariel, 1933.
RAGO, Margareth. “Trabalho feminino e sexualidade”. In: DEL PRIORE, Mary. História das mulheres no Brasil. 2 ed. São Paulo: Contexto, 1997.
WANDERLEY, Márcia Cavendish. “Lúcia Miguel Pereira: do conservadorismo ao liberalismo”. In: RAMALHO, Christina (Org.) Literatura e feminismo: Propostas teóricas e reflexões críticas. Rio de Janeiro: Elo Editora, 1999. p.73-84.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2021 Edwirgens Aparecida Ribeiro Lopes de Almeida
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
a. Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
b. Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
c. Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).