Entradas, disponibilidades luminosas: o luto como trabalho em Roland Barthes

Autores

  • Cristiano Bedin da Costa Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Faculdade de Educação
  • Marcos da Rocha Oliveira Universidade Federal do Paraná

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.1984-1124.i30p365-379

Palavras-chave:

Docência, Escrita de vida, Isolamento, Luto, Roland Barthes

Resumo

O trabalho do texto consiste em afirmar a potência do isolamento barthesiano hoje. O luto, afeto vivo e presente, será o princípio que unifica a docência, a escrita e a vida: no último Roland Barthes, em nós. Aulas, datas, imagens e um arquivo de leituras translúcidas lancinadas por feixes de luz a demandarem uma atualização das formas em um corpo que escreve. Não há nada a superar, visto que a dor é ocasião. Escrevemos a fantasia de tal solidão tendo o texto barthesiano, a docência que praticamos e, como oximoro, o nosso viver-junto enquanto potencial ativo de uma Vita Nova. Assim, dispomos quatro precisões: o luto se manifesta pelo e no trabalho, como a marca a animar a produção presente; atualizado em uma aula, o luto harmoniza o afeto da perda e a criação didática: não poder desenvolver, não poder sustentar, não poder impor; o luto só pode ser experimentado de modo instantâneo: surpreende como experiência inaugural e, portanto, potencialmente mutativa (o insustentável como condição); e o luto permite apenas sua vivência (traduzida, inocentemente, em prática), jamais seu domínio. Lecionar, escrever, pesquisar, viver como se um Amador. Disponibilidades luminosas à beira-fôlego: entrar vivo na morte. É disso que se trata.

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Biografia do Autor

  • Cristiano Bedin da Costa, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Faculdade de Educação

    Psicólogo; Doutor em Educação; Docente da Faculdade de Educação e do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS); Coordenador da Rede de Pesquisa Escrileituras da Diferença em Filosofia-Educação; Membro da Zona de Investigações Poéticas (ZIP). E-mail: cristianobedindacosta@gmail.com

  • Marcos da Rocha Oliveira, Universidade Federal do Paraná

    Pedagogo; Doutor em Educação; Docente do Setor de Educação da Universidade Federal do Paraná (UFPR) na área de Didática, Ensino e Aprendizagem; Participante da Rede de Pesquisa Escrileituras da Diferença em Filosofia-Educação; Membro da Zona de Investigações Poéticas (ZIP). E-mail: marqosoliveira@gmail.com

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Publicado

2021-09-29

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Costa, C. B. da, & Oliveira, M. da R. (2021). Entradas, disponibilidades luminosas: o luto como trabalho em Roland Barthes. Revista Criação & Crítica, 30(30), 365-379. https://doi.org/10.11606/issn.1984-1124.i30p365-379