A interpretação literária como ficção: a tensão dialética entre as obras (o caso de Benedito Nunes)
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.1984-1124.i33p23-45Palavras-chave:
Interpretação literária, Ficção, Benedito Nunes, Guimarães Rosa, Grande Sertão: Veredas, Acontecimento poético-apropriativoResumo
A interpretação literária, quando compreendida em seu valor radical e ontológico, é espaço de realização do crítico a partir de um acontecimento: o poético. O poético é a força que move o humano para uma relação com as questões que o humanizam. Essa relação pode ser feita de maneira apropriava através da ficção e sua referenciação ao poético. Como a interpretação literária pode vir a se tornar ficção? É a partir deste questionamento (e outros que dele se desdobram) que buscaremos encaminhar este texto. Assim, o presente artigo objetiva refletir sobre como a interpretação literária pode vir a acontecer enquanto uma ficção. Para tanto, procuraremos dialogar com um crítico literário que, em nossas observações, realizou em suas interpretações tal singularização, a saber: Benedito Nunes. Concentrar-nos-emos, aqui, na tensão dialética entre a “interpretação literária-ficcional” de Benedito Nunes ao dialogar com a obra Grande sertão: Veredas, de Guimarães Rosa (2015), visando pensar tal modo de interpretação, a qual se propõe a acontecer na zona liminar do diálogo com as obras e as questões que elas/nelas desvelam.
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