“Quem Foi Que Disse Que Preto Não Tem Vez?”: O Evangelho da Primeira Geração na Universidade
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.1984-1124.i40p180-199Palavras-chave:
ação afirmativa, educação, autobiografia, rap, teologia, RacionaisResumo
Com as ações afirmativas nas universidades brasileiras, muito se discute sobre a mudança do corpo discente no ensino superior, com uma entrada maior de alunos negros, sobretudo daqueles que fazem parte da primeira geração da família a ingressar na universidade. No entanto, o que eles pensam, sentem, imaginam, desejam permanece como uma questão em aberto na medida em que não se cria estratégias de interlocução que suas histórias possam ser narradas. Nesse sentido, com base no relato da minha experiência com o gênero da autobiografia como professora num projeto de extensão para bolsistas negros do curso de Direito, discuto as narrativas autobiográficas dos estudantes como testemunhos em diálogo com a canção “Negro drama”, dos Racionais MCs, explorando sua relação com a linguagem do rap e da teologia negra ao observar as ambivalências e tensões com as ideias de redenção e superação, bem como o não cumprimento de orientações pedagógicas como parte de uma rebelião contra e na universidade que se dá por meio da recusa.
Downloads
Referências
BLASSINGAME, John W. Black Autobiographies as History and Literature. The Black Scholar, v. 5, n. 4, 1974, pp. 2-9.
GENOVESE, Eugene Dominick. A terra prometida: o mundo que os escravos criaram. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988.
GONZALEZ, Lélia. O movimento negro na última década. HASENBALG, Carlos; GONZALEZ, Lélia. Lugar de negro. Rio de Janeiro, RJ: Zahar, 2022.
GUIMARÃES, Geni. Leite do peito. Belo Horizonte: Mazza Edições, 2001.
HARTMAN, Saidiya. On working with archives: an interview with Saidiya Hartman. The Creative Independent, Brooklyn, abr. 2018. Entrevista concedida a Thora Siemsen. Disponível em: <https://thecreativeindependent.com/people/saidiya-hartman-on-working-with-archives/>. Acesso em set. 2024.
HAYES, Diana L. James Cone’s Hermeneutic Of Language And Black Theology. Theological Studies, n. 61, 2000, pp. 609-631.
HOOKS, Bell. Essencialismo e experiência. In: HOOKS, BELL. Ensinando a transgredir: a educação como prática de liberdade. Tradução Marcelo Brandão Cipolla. São Paulo: Martins Fontes, 2013.
MOTEN, Fred; HARNEY, Stefano. O antagonismo geral: uma entrevista com Stevphen Shukaitis. Sobcomuns: Planejamento fugitivo e estudo negro. Tradução Mariana Ruggieri. São Paulo: Ubu Editora, 2024.
OLIVEIRA, Acauam Silverio De. O evangelho marginal dos Racionais MCs. In: RACIONAIS MCS. Sobrevivendo no inferno. São Paulo: Companhia das Letras, 2018.
OLIVEIRA, Rafael Domingos. Vozes Afro-Atlânticas: autobiografias e memórias da escravidão e da liberdade. São Paulo: Editora Elefante, 2022.
PACHECO, Ronilso. Teologia negra: o sopro antirracista do espírito. Rio de Janeiro: Zahar, 2024.
PERRY, Imani. Prophets of the Hood: Politics and Poetics in Hip Hop. Durham: Duke University Press, 2004.
SANTOS, Antonio Bispo. A terra dá, a terra quer. São Paulo: Ubu, 2023.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
a. Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
b. Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
c. Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).