A jornada do herói no livro ilustrado contemporâneo: análise da obra O Passeio, de Pablo Lugones e Alexandre Rampazo
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.1981-7169.crioula.2020.171325Palavras-chave:
Literatura Infantil e Juvenil, Livro ilustrado, Formação do leitorResumo
Na contemporaneidade, o letramento de imagens tem se mostrado necessário visto que elas ocupam espaço em todos os meios de comunicação. No entanto, muitas vezes, a leitura de livros, cujas ilustrações possuem pregnância estética, a qual fomenta a constituição da memória afetiva do leitor e alfabetiza seu olhar desde a infância, não faz parte da formação de leitores em âmbito escolar. Nesses livros, a materialidade, as cores nas ilustrações, o formato, o fundo das páginas, a composição dos elementos, a tipografia, entre outros elementos, estão a serviço da história. Neles, tudo conta em amplo sentido (GONZÁLEZ, 2017), por isso têm se revelado verdadeiros objetos de arte que merecem reflexões quanto ao seu potencial para a formação do leitor estético (ECO, 2003). Dessa forma, o presente artigo, objetiva analisar a obra O Passeio (LUGONES, 2017), tendo como aporte teórico a Estética da Recepção (JAUSS, 1994; ISER, 1996, 1999). Esse livro, escrito por Pablo Lugones e ricamente ilustrado por Alexandre Rampazo (2017), aborda a temática da viagem sob a forma de um passeio existencial que, desfrutado por pai e filha mesmo quando um deles se encontra em trilha diversa, conduz à compreensão dos ciclos naturais da vida. Sua história, por apresentar protagonistas em devir que obtêm conhecimentos ao longo da jornada, dialoga com o Bildungsroman. Ao acompanhar esses aventureiros, o leitor em formação empreende uma trajetória ao lado deles, em especial, na direção de si mesmo. Ao término dessa viagem literária, esse leitor reencontra-se com o mundo e sente-se transformado, pela percepção de que a vida prossegue na jornada das próximas gerações que conferem continuidade à existência.
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