"I FUTURISTI" E OS FUTURISTAS DE "ORPHEU" (SANTA-RITA PINTOR E ALMADA NEGREIROS)
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2175-3180.v7i14p57-73Palavras-chave:
PALAVRAS-CHAVE, Orpheu, futurismo, interartes, Almada, Santa-Rita / KEYWORDS, futurism, inter-arts, Santa-Rita.Resumo
I futuristi e os futuristas de Orpheu
(Santa-Rita Pintor e Almada Negreiros)
RESUMO: Este artigo parte da (re)conhecida ideia almadiana de a revista Orpheu ter representado o “encontro português das letras e da pintura” – isto é, o entrecruzado affaire verbale et visuelle que a delimita de maneira basilar e a que a publicação obedece como princípio reitor. Trata-se, por um lado, de analisar criticamente o obstinado rigor interartístico derivado da dupla obediência criativa do (para)futurista e poliapto criador Almada Negreiros e, por outro lado, de dissertar, in absentia, dos quatro hors-texte duplos do (pro)futurista e mitificador Santa-Rita Pintor, reproduzidos no segundo número da efémera e marcante publicação literária portuguesa.
Destarte, inter alia, além de dissertarmos sobre a questão dos futuristi primários no que diz respeito desses dois ‘futuristas derivados’, ponderando a pensée contraditória e o pensum amalgamático que alicerzam a sua elaboração, procuramos ler as transitivas e concretas criações em palavras e/ou imagens de Almada e Santa-Rita – isto é, distantes de qualquer ‘imaculada concepção’, pretendemos decifrá-las, decodificá-las e/ou interpretá-las dentro dos referentes programáticos e efetivos de um futurismo tou court.
I futuristi and the Futurists of Orpheu
(Santa-Rita Pintor and Almada Negreiros)
ABSTRACT: This article takes as its starting point the (well-) known Almadian idea that the magazine Orpheu represented the “Portuguese meeting point for literature and painting” – that is, the crossroads for affaire verbale et visuelle which defines it fundamentally and which the publication takes as its guiding principle. It is our intention, on the one hand, to review the obstinate inter-artistic rigor which is derived from the dual creative obedience to the (para) futuristic and multi-faceted creator Almada Negreiros and, on the other hand, to discuss, in absentia, of the four dual hors-texte by the (pro) futuristic myth-maker Santa-Rita Pintor, reproduced in the second number of this ephemeral and remarkable Portuguese literary publication.
Thus, inter alia, in addition to discussing the question of the first futuristi with respect to these two 'derived futurists', considering the contradictory pensée and the amalgamated pensum that lay the foundation for their preparation, we endeavour to read the transitive and concrete creations in the words and / or pictures of Almada and Santa-Rita – that is, far from any 'immaculate conception', we aim to decipher them, decode them and / or interpret them within the programmatic and effective respect of a tou court futurism.
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