ORPHEU ENTRE TRADIÇÃO E VANGUARDA: ECOS DA MELANCOLIA DE ANTÓNIO NOBRE NAS POÉTICAS DE SÁ-CARNEIRO E ALFREDO GUISADO
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2175-3180.v7i14p74-85Palavras-chave:
Modernismo Português, Melancolia, Orpheu, Narcisismo, IntertextualidadeResumo
Mário de Sá-Carneiro (1890-1916) e Alfredo Pedro Guisado (1891-1975) escreveram poemas em homenagem àquele que cantou em versos o desencanto com o presente e a saudade de um passado mítico perdido, enlutando-o e figurando-o nos castelos desmoronados por um “vento seco de Deserto e spleen”. Trata-se de António Nobre (1867-1900), caracterizado com o seu “olhar doente”, em “Só”, de Guisado, e como “pajem débil” em “Anto”, de Sá-Carneiro, poemas que serão analisados no presente trabalho. A poesia do Modernismo português situa-se em uma relação dialética da tradição simbolista e dos experimentalismos vanguardistas. Encontram-se, pois, muitos ecos da melancolia da poesia de António Nobre nos textos dos jovens de Orpheu, cujas paisagens crepusculares simbolistas parecem pinturas da sensação de aniquilamento do sujeito, que se sente ao mesmo tempo merecedor e deserdado de um bem supremo. Os poemas de Sá-Carneiro e de Alfredo Guisado serão analisados pelo viés imanentista, considerando seus recursos estilísticos, e também pelo viés intertextual, relacionando a poética desses dois autores com a de António Nobre. Para o estudo das paisagens melancólicas e crepusculares, tomar-se-ão como referentes os estudos de Sigmund Freud, acerca da relação entre literatura e melancolia.
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