OS DIÁLOGOS INTERARTÍSTICOS DA POESIA SEGUNDO FERNANDO PESSOA
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2175-3180.v7i14p125-139Palavras-chave:
Fernando Pessoa, sensacionismo, relações interartísticasResumo
Para Fernando Pessoa, a literatura sensacionista deveria “ser a fusão de todas as artes”, proporcionando, em si mesma e sincreticamente, todas as sensações que as outras artes trabalham e dão a conhecer. Sensações associadas a artes tão díspares quanto a dança, o canto, a representação, e também a pintura, a escultura, a arquitectura e a música poderiam ser integradas pela literatura porque – dizia Pessoa – esta “contém tudo quanto essas artes dão às criaturas inferiores, mas transcendentaliza-as pela ideia para uso da aristocracia doente e completa que a nossa hiper-civilização produziu” (cf. Sensacionismo e outros ismos, 2009: 77). Conceber deste modo a literatura, particularmente a poesia, como uma arte de síntese estética destinada a uma hiper-civilização, envolveu uma vasta experimentação ao nível da visualidade no discurso verbal, da plasticidade e rapidez da imagem, da estrutura e do ritmo; e essa experimentação foi certamente bem menos autonomizável de diálogos interartísticos do que Pessoa sugere. Como devemos então ler a presença das outras artes na poética sensacionista e de que modo esta dialoga com outras poéticas de Orpheu? Tentarei equacionar algumas possíveis respostas para estas questões, auscultando a existência de uma espécie de diálogo interartístico sob rasura no sensacionismo pessoano.Downloads
Referências
ANDRESEN, Sophia de Mello Breyner. Dual [1972], Obra Poética, edição definitiva de Maria Andresen de Sousa Tavares e Luís Manuel Gaspar. Lisboa: Caminho, 2004.
BELO, Ruy. Na Senda da Poesia. Lisboa: Assírio & Alvim. 2002.
BRANDÃO, Fiama Hasse Pais. Obra Breve. Lisboa: Assírio & Alvim, 2006.
CRUZ, Gastão. Os Poemas. Lisboa: Assírio & Alvim, 2009.
DERRIDA, Jacques. Gramatologia. 2ª ed., São Paulo: Perspectiva, 1999 [1967].
EIDT, Laura M. Sager. Writing and Filming the Painting – Ekphrasis in Literature and Film. Amsterdam e New York, 2008.
EIRAS, Pedro. “Almada, Europa, 1915-1917”, in Steffen Dix (ed.), (ed.), 1915 – O Ano de Orpheu, Lisboa: Tinta da China, 2015.
GUERREIRO, Fernando. “O Cinema de Orpheu”, AA. VV. Central de Poesia, a recepção de Fernando Pessoa nos anos ’40. Lisboa: Centro de Literaturas e Culturas Lusófonas e Europeias. 2011.
KANT, Immanuel. Crítica da Faculdade do Juízo. Lisboa: IN-CM, 1998.
LOPES, Teresa Rita (org.). Pessoa Inédito. Lisboa: Livros Horizonte, 1993.
MESCHONNIC, Henri. Critique du Rythme. Paris: Verdier, 1982.
NANCY, Jean-Luc. Les Muses. Paris: Galilée, 2001.
PATRÍCIO, Rita. Episódios da Teorização estética em Fernando Pessoa. Braga: Húmus / Universidade do Minho, 2012.
PESSOA, Fernando. Páginas de Estética e de Teoria e Crítica Literárias, textos estabelecidos e prefaciados por Georg Rudolf Lind e Jacinto do Prado Coelho, 2ª ed.. Lisboa: Ática, 1994.
PESSOA, Fernando. Crítica – Ensaios, Artigos e Entrevistas, ed. de Fernando Cabral Martins. Lisboa: Assírio & Alvim, 2000.
PESSOA, Fernando. Sensacionismo e Outros Ismos, ed. crítica de Jerónimo Pizarro. Lisboa: IN-CM, 2009.
PESSOA, Fernando. Sobre Orpheu e o Sensacionismo, (ed. Richard Zenith e Fernando Cabral Martins). Porto: Assírio & Alvim/Porto Editora, 2015.
PIZARRO, Jerónimo. “Fernando Álvaro Pessoa de Campos”, in Steffen Dix, (ed.), 1915 – O Ano de Orpheu, Lisboa: Tinta da China, 2015.
SENA, Jorge de. “Posfácio – 1963”, Poesia II, Lisboa, Círculo de Poesia, 1978.
Silva, Manuela Parreira da (org.). Cartas de Mário de Sá-Carneiro a Fernando Pessoa. Lisboa: Assírio & Alvim, 2001.
SOARES, Bernardo. Livro do Desassossego, ed. de Richard Zenith. Lisboa: Assírio & Alvim, 1998.
SOARES, Marta. “Os 4 hors-textes de Orpheu 3”, in Richard Zenith (org.). Os Caminhos de Orpheu. Lisboa: Biblioteca Nacional de Portugal, Babel, 2015.
VASCONCELOS, Ricardo. “Orpheu e Paris. Ecos cubistas na poesia de Mário de Sá-Carneiro”, in Steffen Dix (ed.), 1915 – O Ano de Orpheu. Lisboa: Tinta da China, 2015.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2015 Rosa Maria Martelo
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
O(s) autor(es) declara(m) automaticamente ao enviar um texto para publicação na revista Desassossego que o trabalho é de sua(s) autoria(s), assumindo total responsabilidade perante a lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, no caso de plágio ou difamação, obrigando-se a responder pela originalidade do trabalho, inclusive por citações, transcrições, uso de nomes de pessoas e lugares, referências histórias e bibliográficas e tudo o mais que tiver sido incorporado ao seu texto, eximindo, desde já a equipe da Revista, bem como os organismos editoriais a ela vinculados de quaisquer prejuízos ou danos.
O(s) autor(s) permanece(m) sendo o(s) detentor(es) dos direitos autorais de seu(s) texto(s), mas autoriza(m) a equipe da Revista Desassossego a revisar, editar e publicar o texto, podendo esta sugerir alterações sempre que necessário.
O autor(s) declara(m) que sobre o seu texto não recai ônus de qualquer espécie, assim como a inexistência de contratos editoriais vigentes que impeçam sua publicação na Revista Desassossego, responsabilizando-se por reivindicações futuras e eventuais perdas e danos. Os originais enviados devem ser inéditos e não devem ser submetidos à outra(s) revista(s) durante o processo de avaliação.
Em casos de coautoria com respectivos orientadores e outros, faz-se necessária uma declaração do coautor autorizando a publicação do texto.
Entende-se, portanto, com o ato de submissão de qualquer material à Revista Desassossego, a plena concordância com estes termos e com as Normas para elaboração e submissão de trabalhos. O não cumprimento desses itens ou o não enquadramento às normas editoriais resultará na recusa do material.