Memorial do convento: o romance histórico encontra a tragédia grega
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2175-3180.v11i20p251-268Palavras-chave:
José Saramago, Memorial do convento, Gênero trágicoResumo
O presente artigo nasce da hipótese de que o romance histórico Memorial do convento, de José Saramago, publicado em 1982, traz em sua composição traços característicos da tragédia grega que contribuem para a formação de caminhos para uma nova leitura do romance histórico, de modo que possam expandir a percepção do leitor sobre o gênero, por meio de reflexões despertadas pelos referenciais literários que a obra nos sugere. Sob tal perspectiva, e com o objetivo de aproximar os conceitos de tragédia grega ao romance histórico construído por Saramago, traremos os conceitos do historiador austríaco Albin Lesky que, em sua obra A tragédia grega, enxerga o trágico como um princípio filosófico revelador de uma visão específica do mundo. Como suporte para a reflexão aqui proposta, utilizaremos também os argumentos do historiador francês Jean-Pierre Vernant, os quais, cruzados com a perspectiva de Alcmeno Bastos sobre o romance histórico e com a de Benedito Nunes sobre o romantismo, encontrar-se-ão com os do inglês Terry Eagleton. Teresa Cristina Cerdeira da Silva, por sua vez, uma das maiores pesquisadoras da obra de Saramago, no Brasil, é outra referência em nossas reflexões, visto que, em alguns de seus estudos, ocorrem sugestões instigantes para uma aproximação entre o romance em questão e certos aspectos da tragédia.
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