A mulher desconhecida ou o começo do fim da busca
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2175-3180.v14i27p135-153Palavras-chave:
José Saramago, Todos os nomes, Figuração, SujeitoResumo
De natureza limiar, o sujeito é itinerância. Neste ensaio, tal questão é examinada a partir da prática figurativa em Todos os nomes, de José Saramago. Isso porque verifica-se neste romance que a ideia de sujeito se estabelece em dupla dimensão centrada sempre no plano da personagem: ora pela relação de alteridade eu-outro, ora por uma posição alinhavada a partir do exercício das atitudes do Sr. José, protagonista da narrativa. O recorte desta leitura se concentra no seu envolvimento com a mulher desconhecida e no seu retorno à Conservatória Geral do Registo Civil a fim de verificar um reencontro simbólico com a figura das suas buscas. Trata-se, pois, de uma análise que considera a personagem enquanto símbolo acerca das movências do sujeito nos afluxos do contemporâneo. O que essas constatações assumem é a compreensão segundo a qual, nesse contexto, a ideia de sujeito é atravessada por uma revisão interessada em dirimir certa natureza problemática inerente ao seu próprio conceito, a retirada da sua posição de entidade submetida.
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