Os avantesmas do caos: o duplo saramaguiano e a representação da crise no sujeito pós-moderno português
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2175-3180.v14i27p48-64Palavras-chave:
Saramago, Duplo, Identidade, RomanceResumo
O presente trabalho objetiva analisar a obra, O Homem Duplicado (2002), de José Saramago, por meio de uma perspectiva sociológica da literatura. Pretende-se refletir o como a obra, por meio do fenômeno do duplo, instaurado no cotidiano do personagem protagonista, esboça uma alegoria da crise de identidade do sujeito português, no mundo pós-moderno e no sistema capitalista. A fim de compreender-se as noções das identidades dos sujeitos e fragmentações dessas, em contextos modernos e pós-modernos, pautamo-nos em teorias como as de Hall (2006). Foram utilizadas, também, teorias como as de Harvey (2006) e Han (2015) a fim de se estabelecer um panorama político, histórico e econômico desses contextos. Por fim, debruçamo-nos nas teorias propostas por Souza Santos (1994) a fim de compreendermos o como o contexto pós-moderno português interfere na produção, temática e enredo, da obra selecionada, evidenciando o como fato de o país em que a obra fora produzida, possuir relações complexas com a pós-modernidade, delineia possibilidades interpretativas elucidativas e frutíferas das questões abordadas em sua constituição, bem como as relações de Saramago para com a escrita e a Literatura, de modo a escancarar as relações intrínsecas da literatura com contexto sócio-histórico a qual se insere
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