O tema do “deus sem ciúme”: da aphthonia grega à non invidentia agostiniana
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2318-8863.discurso.2001.38053Palavras-chave:
Agostinho, cosmogênese, criação, aphrhonia, non invidenríaResumo
Sabemos que a noção de criação não tem lugar nas antigas cosmologias. a não ser nos discursos míticos, como o Timeu de Platão. A despeito dessa ausência, os Padres da Igreja não hesitaram em procurar, nas cosmogêneses das filosofias gregas. conceitos adequados a ajudá-los a comentar o Gênesis e a lidar com a criação do mundo e dos seres que o habitam. A partir daí, ocorreu a retomada, às vezes surpreendente, de certos conceitos, cujo sentido foi então profundamente modificado, sob a aparente continuidade de vocábulos gregos para vocábulos latinos. Eu gostaria de ilustrar esta tradução capciosa num caso preciso: o uso, por Agostinho, de um tema tradicional grego, que ele encontrou nas Enéadas de Plotino, isto é, a “ausência de ciúme" peculiar aos deuses. Este artigo trata portanto de analisar a passagem - e as transformações que nela têm lugar - da aphthonia que Plotino atribui ao princípio supremo dos seres à non invidentia peculiar ao Deus de Agostinho.
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