Modernismo, 100 anos
DOI:
https://doi.org/10.1590/s0103-4014.2022.36104.000Resumo
Esta edição de Estudos Avançados é em grande parte dedicada ao centenário de um dos mais importantes movimentos da cultura brasileira, a Semana de Arte Moderna. Muito já se disse e já se escreveu a respeito dos principais acontecimentos, de seus participantes, de suas motivações, de suas obras de referência, das polêmicas que a cercaram, de sua recepção ruidosa, de seu inconformismo com o tradicionalismo dominante nas artes em geral no Brasil. Mais recentemente, tem se questionado o alcance mesmo do modernismo pretendido pelos escritores, artistas e intelectuais que a promoveram. Tampouco estão ausentes críticas denunciando uma sorte de etnocentrismo paulista nas narrativas do vanguardismo subjacente ao movimento.
Concorde-se ou não com tais críticas, a Semana de Arte Moderna revela-se movimento complexo e plural. Estudos Avançados não pretendeu repetir o que já se sabe, porém acrescentar novas contribuições. O dossiê “100 anos da Semana de Arte Moderna de 1922” aborda interessantes questões, entre as quais: dois momentos como expressão de dois modos distintos de conceber o programa modernista; seus mitos originários em torno da redescoberta do Brasil e da retomada das raízes coloniais; as paradoxais relações entre ruptura e continuidade, modernidade e tradição; proximidades e distâncias entre vanguardas argentinas e brasileiras nos anos 20. Ao menos quatro contribuições abordam a presença de Mário de Andrade e o movimento: sua ideia de Brasil no contexto do modernismo, suas relações com escritores de outros estados, a etnografia tecida em suas viagens à Amazônia e os contatos e intercâmbios com o compositor Villa-Lobos. O dossiê traz ainda um interessante estudo a respeito da importância do vestuário para o modernismo brasileiro.
Este número é dedicado também a uma questão atual e inesgotável. O papel da Universidade e da pesquisa nos rumos da sociedade brasileira. A discussão a propósito do sistema acadêmico de pesquisa acadêmica e de pós-graduação não é recente. Não raro, suscita polêmicas e posições divergentes. A partir de uma análise das origens, características do sistema e do perfil da renda familiar e ocupação dos estudantes da pós-graduação, o estudo que abre esse segundo dossiê do número, “Universidade de pesquisa”, conclui que a expansão do sistema respondeu às demandas por titulação de professores do ensino superior, porém com qualidade média sofrível. Outra das contribuições examina o papel estratégico da USP na formulação de rigorosos critérios para implementação e avaliação de políticas públicas sobretudo em períodos críticos como o da pandemia. Por fim, a história da construção da Cidade Universitária Armando de Sales Oliveira e do abandono do “espírito universitário” encerra esse dossiê.
Este número é ainda voltado para rememorar os 60 anos de criação da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).1 Não é preciso argumentar a respeito da importância estratégica dessa agência no desenvolvimento da ciência, da tecnologia e da cultura não apenas no estado de São Paulo, mas no Brasil. Os artigos do dossiê “Fapesp 60 anos” sublinham sua excelência tanto na execução de suas atividades-fim quanto em sua gestão orçamentária e administrativa. Os desafios à frente não são desprezíveis, como manter padrões elevados de formação de recursos humanos e de avaliação de programas e projetos, parcerias com empresas privadas para inovação, promoção da ciência aberta e apoio da sociedade contra as ameaças a seu orçamento e patrimônio.
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Referências
SILVA, A. C. da. Fapesp: origens e implantação, v.10, n.28, 1996. Disponível em: <https://www.scielo.br/j/ea/a/BTDRKnNxWLPC3T8dbSsNGyB/?lang=pt>.
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