A reinvenção da Semana e o mito da descoberta do Brasil
DOI:
https://doi.org/10.1590/s0103-4014.2022.36104.002Palavras-chave:
Semana de Arte Moderna, Modernismo, Historiografia, Regionalismo, Estado NovoResumo
A consagração da Semana de Arte Moderna pela história cultural é fenômeno que data da década de 1940. O artigo analisa a reinvenção discursiva da Semana por meio dos escritos de Tristão de Athayde, Lourival Gomes Machado, Luís Martins, Ruben Navarra, Robert C. Smith e Nestor Victor, entre outros críticos. Aponta-se a correspondência epistemológica e metodológica entre dois mitos originários, gerados nessa época e ainda vigentes: a tese de que o movimento modernista redescobriu o Brasil profundo, resgatando a negritude do apagamento, e a noção de que o modernismo brasileiro seria uma retomada das raízes do período colonial.
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