Política agrícola para o agronegócio: uso de recursos públicos em benefício indireto de multinacionais estrangeiras

Autores

DOI:

https://doi.org/10.1590/s0103-4014.2023.37108.006

Palavras-chave:

Cadeia produtiva, Soja, Bovinocultura, Participação doméstica

Resumo

A política agrícola brasileira, focada em crédito rural utilizado para a compra de insumos agrícolas que são, cada vez mais, controlados por empresas multinacionais estrangeiras, poderia estar indiretamente financiando corporações internacionais com os recursos públicos. Este trabalho analisa a alocação do crédito agrícola no Brasil e a participação dos grupos brasileiros nos segmentos de insumos produtivos para as duas principais cadeias produtivas consolidadas no país: a da soja e da bovinocultura. Os resultados revelam que a maior parte dos recursos de custeio vai para a cadeia produtiva da soja, em detrimento da bovinocultura, que representa grande parcela de estabelecimentos rurais. Os recursos investidos em produtores rurais que participam de cadeias de produção controladas por grupos multinacionais estrangeiros acabam, indiretamente, financiando empresas internacionais em detrimento ao agronegócio doméstico.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Referências

AENDA. Associados da Associação Brasileira dos Defensivos Genéricos. 2020. Disponível em: <https://www.aenda.org.br/>.

ANDA. Anuário estatístico. São Paulo: Associação Nacional para Difusão de Adubos, 2020.

ANFAVEA. Anuário da indústria automobilística brasileira. [s.l.] Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores, v.53, 2020.

BASSI, N. S. S.; SILVA, C. L. da; SANTOYO, A. Inovação, pesquisa e desenvolvimento na agroindústria avícola brasileira. Estudos Sociedade e Agricultura, v.21, n.2, p.392-417, 2013.

BETARELLI JUNIOR, A. A.; FARIA, W. R.; ALBUQUERQUE, D. P. Crédito rural, tipos de financiamentos e efeitos econômicos: o caso dos recursos equalizáveis de juros para o investimento e custeio agropecuário no Brasil (2012). Planejamento e Políticas Públicas, 2017, n. June, p.1-29, 2019.

CNA. O Futuro é Agro 2018-2023. Brasília: Confederação Nacional da Agricultura. 2018.

CORCIOLI, G. Evolução do Pronaf no Estado de Goiás: Tendência de Concentração de Investimentos em Atividades Pecuárias Tradicionais. Boletim Goiano de Geografia, v.39, p.1-21, 2019.

COSTA, N. L.; SANTANA, A. C. Estudo da Concentração de Mercado ao Longo da Cadeia Produtiva da Soja no Brasil. Revista de Estudos Sociais, v.16, n.32, p.111-35, 2014.

EMBRAPA. Anuário Leite 2019. Brasília: Embrapa Gado de Leite. 2020.

IBGE. Censo Agropecuário 2017 - Resultados Definitivos. 2019. Disponível em: <https://sidra.ibge.gov.br/pesquisa/censo-agropecuario/censo-agropecuario-2017>.

JBS. Composição acionária e societária. Disponível em: <https://jbss.infoinvest.com.br/investidores-esg/governanca-corporativa/composicao-acionaria-e-societaria>.

KOBERG, E.; LONGONI, A. A systematic review of sustainable supply chain management in global supply chains. Journal of Cleaner Production, v.207, p.1084-98, jan. 2019.

LEITE, S. P. Ruralidades, enfoque territorial e políticas públicas diferenciadas para o desenvolvimento rural brasileiro: uma agenda perdida? Estudos Sociedade e Agricultura, v.28, n.1, p.227-54, fev. maio, 2020.

LEITEBRASIL. 22º Ranking das Maiores Empresas de Laticínios do Brasil. Associação Brasileira dos Produtores de Leite (Leite Brasil), 2019.

MAGRO, T. et al. Produção bovina e desmatamento: Análise da distribuição espacial da atividade pecuária no estado de Rondônia. IGepec, v.23, n.1, p.112-26, 2019.

MAPA. Quantidade de abate estadual por ano/espécie. 2019. Disponível em: <http://sigsif.agricultura.gov.br/sigsif_cons/!ap_abate_estaduais_cons?p_select=SIM&p_ano=2019&p_id_especie=9>.

MAPA. Plano agrícola e pecuário 2019/2020. Brasília: Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento. 2020.

MARIN, A.; STUBRIN, L. Innovation in natural resources: New opportunities and new challenges The case of the Argentinian seed industryInnovation. Maastricht: [s.n.]. 2015. Disponível em: <http://www.merit.unu.edu/publications/wppdf/2015/wp2015-015.pdf>.

MARINHO, M. S.; DUCA, F. M. F. Desoneração das exportações e seus impactos jurídico-econômicos: uma agenda de pesquisa para um novo modelo tributário do setor primário exportador. In: 18º SEMINÁRIO DE DIAMANTINA, 2019, Diamantina. Caderno de Resumos. Belo Horizonte: Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional, v.1, p.141-2, 2019.

MCFADDEN, J. R.; HOPPE, R. A. The Evolving Distribution of Payments From Commodity, Conservation, and Federal Crop Insurance Programs. USDA, 2017.

MEDINA, G. Agropecuária brasileira diante das dinâmicas internacionais. Goiânia: Editora UFG, 2018. v.39.

MEDINA, G. Participação do capital brasileiro na cadeia produtiva do leite: Estratégia para investimentos em segmentos do agronegócio nacional. Revista de Estudos Sociais, v.22, n.44, p.146-67, 2020.

MEDINA, G.; RIBEIRO, G.; BRASIL, E. M. Participação do capital brasileiro na cadeia produtiva da soja: lições para o futuro do agronegócio nacional. Revista de Economia e Agronegócio, v.13, n.1, 2016.

MELLO-THÉRY, A. de. Perspectivas ambientais 2019: retrocessos na política governamental, Confins, 501, 2019. Disponível em: <http://journals.openedition.org/confins/21182>. Acesso em: 19 abr. 2021.

MENDONÇA, L. M. A crise permanente do agronegócio. In: Direiros Humanos no Brasil. Relatório da Rede Social de Justiça e Direitos Humanos. São Paulo: Outras Expessões, 2015. p.238.

MEURER, P. A. S. et al. Análise da Agroindústria Canavieira nos Estados do Centro-Oeste do Brasil a partir da Matriz de Capacidades Tecnológicas. Revista de Economia e Sociologia Rural, v.53, n.1, p.159-78, 2015.

MORAES, L. A. M. de. Brazil’s agricultural policy developments. Revista de Política Agrícola, v.1, n.2, p.55-64, 2014.

POTTER, C.; TILZEY, M. Agricultural multifunctionality, environmental sustainability and the WTO: Resistance or accommodation to the neoliberal project for agriculture? Geoforum, v.38, n.6, p.1290-303, 2007.

PROKOPY, L. S. et al. Adoption of agricultural conservation practices in the United States: Evidence from 35 years of quantitative literature. Journal of Soil and Water Conservation, v.74, n.5, p.520-34, 2019.

SANTOS, M.; GLASS, V. Atlas do Agronegócio: Fatos e números sobre as corporações que controlam o que comemos. Rio de Janeiro: Fundação Heinrich Böll, 2018.

SINDAN. Anuário da indústria de produtos para saúde animal. São Paulo: Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal. 2019.

SINDIRAÇÕES. Relatório anual. São Paulo: Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal (Sindirações). 2019.

SOENDERGAARD, N. Modern Monoculture and Periphery Processes: a World Systems Analysis of the Brazilian soy expansion from 2000-2012. Revista de Economia e Sociologia Rural, v.56, n.1, p.69-90, 2018.

TORRES, M.; DOBLAS, J.; ALARCON, D. F. Dono é quem desmata: conexões entre grilagem e desmatamento no sudoeste paraense. São Paulo: Urutu-branco; Altamira: Instituto Agronômico da Amazônia, 2017. 243p.

WESZ JUNIOR, V. J. W.; GRISA, C. O Estado e a soja no Brasil: a atuação do crédito rural de custeio (1999-2015). In: MALUF, R. S. (Ed.) Questões agrárias, agrícolas e rurais: conjunturas e políticas públicas. [s.l.] E-papers. 2017.

XAVIER, L. F. Recursos do orçamento público federal destinados ao meio rural: dinâmica das contas brasileiras entre 2000 e 2017. Revista de Economia e Sociologia Rural, v.59, n.2, p.1-20, 2021.

Downloads

Publicado

2023-12-05

Como Citar

Corcioli, G. ., & Medina, G. da S. . (2023). Política agrícola para o agronegócio: uso de recursos públicos em benefício indireto de multinacionais estrangeiras. Estudos Avançados, 37(108), 89-106. https://doi.org/10.1590/s0103-4014.2023.37108.006