O tecnototalitarismo e os riscos para a democracia e para os sujeitos

Autores

DOI:

https://doi.org/10.1590/s0103-4014.2024.38110.008

Palavras-chave:

Tecnototalitarismo, Poder, Sociedade digital, Democracia, Direitos individuais

Resumo

O artigo analisa os riscos de legitimidade do exercício do poder com o uso das novas tecnologias, em uma possível tecnocracia que faz uso político das tecnologias enquanto instrumentos de controle das atividades dos indivíduos de uma sociedade. Em um primeiro momento, debate o sentido de tecnocracia e tecnototalitarismo, apresentando o contexto em que a discussão sobre esse novo arranjo de poder se insere. Em sequência, ao definir o conceito de tecnototalitarismo, argumenta como ele tem ameaçado os sentidos de democracia e as liberdades individuais da nossa tradição liberal ocidental. Por fim, apresenta algumas propostas de proteção do sujeito em ambientes digitais como um dos principais instrumentos para a limitação do uso do poder e como um dos pontos nodais para o resgate do seu sentido de legitimidade democrática. 

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Biografia do Autor

  • Eder van Pelt, Universidade Federal Fluminense, Faculdade de Direito, Niterói, Rio de Janeiro, Brasil

    é doutor em direito pela Universitat de València e doutor em Sociologia e Direito pela Universidade Federal Fluminense. Realizou estágio de pós-doutoramento na Universidade Complutense de Madrid. Professor adjunto da Faculdade de Direito e professor permanente do Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Direito da Universidade Federal Fluminense. É pesquisador Jovem Cientista da Faperj.

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Publicado

2024-11-11

Edição

Seção

Implicações Humanas Das Tecnociências

Como Citar

Pelt, E. van. (2024). O tecnototalitarismo e os riscos para a democracia e para os sujeitos. Estudos Avançados, 38(110), 105-121. https://doi.org/10.1590/s0103-4014.2024.38110.008