A miséria do instrumentalismo na tradição neoclássica
DOI:
https://doi.org/10.11606/1980-53573145mjjPalavras-chave:
Tradição neoclássica, Instrumentalismo, Relativismo, OntologiaResumo
O presente artigo discute algumas ressonâncias do anti-realismo e do relativismo na ciência econômica. Em particular, consiste de uma crítica da idéia atualmente em voga de que o instrumentalismo constitui um fundamento filosófico suficiente para a Economia. Uma desassombrada defesa desta posição é elaborada por Lisboa (FCV/PJ). Ao considerar que a falência do positivismo pode ser exclusivamente creditada aos trabalhos de Kuhn e Lakatos, Lisboa parece acreditar que o relativismo (ontológico) subjacente às concepções daqueles autores representa um fundamento incontroverso de todo empreendimento científico. Por isso seu esforço em demonstrar que a prática científica da tradição neoclássica sempre foi consistente com tal fundamento. Porém, uma vez que o relativismo ontológico pressupõe o caráter completamente discursivo da realidade social, deduz-se daí que qualquer discurso científico "constrói" os fins dos quais é um instrumento. Sob tal ótica, o artigo procura mostrar que a legitimação instrumentalista da tradição neoclássica tentada por Lisboa é inconsistente.
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