As regras de Descartes: uma epistemologia interrompida
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2447-9012.espinosa.2022.199609Palavras-chave:
Descartes, Regras, Epistemologia, Metafísica, Verdades eternasResumo
O artigo tem como objetivo investigar as razões que levaram Descartes a não concluir as Regras para a direção do Espírito, estabelecendo uma relação entre a interrupção da obra e a teoria de 1630 sobre a natureza criada das verdades eternas. Com a doutrina da livre criação das verdades, Descartes apresenta uma proposta metafísica que exigia uma revisitação dos pressupostos da sua própria epistemologia. Se nas Regras a matemática e a geometria eram consideradas isentas de toda incerteza, com a entrada em cena da teoria de 1630 essas disciplinas encontram-se submetidas à causalidade arbitrária da onipotência divina. Essa consideração metafísica requer uma reflexão ulterior para avaliar as suas consequências. O projeto das Regras – interrompido, mas não abandonado – será assim reformulado à luz da novidade metafísica de 1630. As Meditações se encarregarão dessa tarefa, demonstrando de que modo a natureza criada das verdades eternas não implica colocar em questão o conhecimento humano.
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