Vol 21 n 2 - Dossiê temático "Semiótica e Retórica" - call for papers

Call for papers – vol. 21 n. 2 (2025) – dossiê temático "Semiótica e Retórica"

 

Chamada para artigos / Call for papers / Appel à contributions

[English below / français ci-dessous]

Editoras convidadas:

Juliana Di Fiori Pondian (UFF, Niterói-RJ) e Giovanna Longo (UNESP, Araraquara-SP)

 

Cultuada pelos sofistas como exercício da doxa em oposição à aletheia, e por essa razão criticada por Platão, a Retórica foi sistematizada por Aristóteles, que a definiu como “a faculdade de observar, em cada caso, o que este encerra de próprio para criar a persuasão” (Ret. I, 2, 1355b). Como ars bene dicendi, atravessou a Antiguidade greco-latina e entrou na Idade Média alocada entre as artes liberais, constituindo o Trivium ao lado da Gramática e da Dialética. Como mostra Barthes em seu célebre ensaio sobre a Retórica antiga, ao longo dos séculos a ars ocupou lugar de destaque, gozou de prestígio, mas enfrentou o declínio e caiu em descrédito no fim do século XIX, até ser resgatada sob novas perspectivas e voltar a encontrar lugar de relevância no quadro dos estudos discursivos.

Após o afastamento da Retórica pelo formalismo cientificista que culminou no advento da ciência da linguagem, o movimento de retomada só teve início com a delimitação de um novo objeto, o discurso, estabelecido pelos estudos da Enunciação de Benveniste. Mas foi o estudo de Jakobson sobre metáfora e metonímia que abriu caminho para a aproximação definitiva entre as áreas sob uma nova perspectiva. Ao reconhecer nos tradicionais tropos a síntese de dois processos semânticos universais, a similaridade e a contiguidade, esse estudo criou as condições para o estabelecimento de um construto teórico responsável pela discursivização, que permite reconhecer e analisar a retoricidade como condição da produção discursiva.

No âmbito dos estudos semióticos de linha francesa, ao longo das várias fases de desenvolvimento da teoria, o diálogo com os postulados retóricos foi se revelando de forma mais ou menos explícita. Um dos poucos textos de Greimas em que se pode reconhecer uma alusão mais direta ao pensamento retórico, e ainda do ponto de vista da tropologia, é “L’écriture cruciverbiste” (A escrita cruciverbalista), que foi escrito para compor - justamente - o volume To Honor Roman Jakobson: essays on the occasion of his seventieth birthday (1967), e republicado depois em Du sens (1970). Nesse artigo, Greimas compara a construção das palavras-cruzadas à escrita poética, considerando-a uma “antipoética”, depois de investigar seus modos de configuração semântica a partir de operações de expansão e condensação, e substituição e permutação (operações retóricas tradicionais), em diálogo com a estrutura proposta por Jakobson para os processos semânticos.

Ainda nos anos 1960, surge na Bélgica um grupo de estudiosos e pensadores, o Groupe µ, que se volta à construção do que se chamou uma “Retórica linguística”, isto é, um resgate dos princípios retóricos, sobretudo no que diz respeito às figuras, a partir de parâmetros da linguística estrutural. O propósito do grupo era construir uma Retórica Geral (1970) e depois se dedicar às retóricas particulares, próprias a cada linguagem (música, pintura, cinema, etc.), mas apenas a Retórica da Poesia (1977) e a retórica da imagem, no Traité du signe visuel (1992) vieram à luz, seguidas de uma espécie de “retórica do conhecimento” (Principia semiotica, 2015), que vem sendo elaborada até o presente.

Quando o interesse se voltou para o componente afetivo dos discursos, as relações entre as áreas se tornaram mais evidentes. Ainda que os estudos inaugurados pela “Semiótica das Paixões” (1991) tenham revelado a importância dos afetos na configuração do significado, as análises ali empreendidas constituíram-se quase exclusivamente em termos de sintaxe modal e, por isso, pouco revelam sobre o componente propriamente sensível da paixão. Foi a partir principalmente dos estudos tensivos de Zilberberg que se pôde expandir o modelo semiótico das paixões, com o desenvolvimento de ferramentas conceituais que permitiram a formalizaçãodo universo sensível, consolidando-se assim o movimento de retomada da Retórica pela Semiótica. 

À luz dos recentes desenvolvimentos da Semiótica Francesa – que tem se voltado para a problemática da enunciação, da práxis enunciativa, da semiose em ato, do plano da expressão, da dimensão sensível, dos afetos – a compreensão das propriedades que condicionam os modos de funcionamento do discurso e o reconhecimento da existência de uma dimensão persuasiva inerente ao exercício da linguagem passam a constituir o ponto de convergência entre Semiótica e Retórica, não só como disciplinas transversais que dialogam, mas principalmente como áreas que se entrecruzam, em um movimento de retorização da Semiótica e de semiotizaçãoda Retórica. 

No Brasil, destacam-se os trabalhos de José Luiz Fiorin, com alguns artigos publicados (1988, 2007, etc.) sobre as articulações entre a semiótica e a retórica de modo geral, o problema da argumentação e o livro Figuras de Retórica (2014), que reafirmam o posicionamento de que as teorias do discurso devem herdar a retórica, o que significa “Lê-la à luz dos problemas teóricos enunciados na atualidade.” (Fiorin, 2007, p. 14). A partir dessas considerações, o número 21.2 da revista Estudos Semióticos pretende receber artigos que explorem os entrecruzamentos entre as áreas, sejam eles mais teóricos ou mais aplicados, contemplando diferentes correntes do pensamento semiótico, que girem em torno dos seguintes eixos de reflexão: 

  • Semiótica(s) e retórica: historiografia e epistemologia

  • Bases retóricas na constituição da teoria semiótica greimasiana

  • A arte de persuadir e o fazer persuasivo

  • Argumentação, retórica e semiótica

  • Figuras retóricas e plano da expressão

  • A retórica na semiótica poética

  • Retórica e Semiótica Tensiva

  • A retórica do Grupo µ e seus desenvolvimentos

  • Retórica, semiótica visual e linguagens híbridas

  • Retórica das identidades: Práticas, Formas de vida

Referências:

ARISTÓTELES. Retórica. Trad. Edson Bini. São Paulo: Edipro, 2011.

BADIR, Sémir; KLINKENBERG, Jean-Marie (dir.). Figures de la figure - Sémiotique et Rhétorique générale. Limoges: Presses Universitaires de Limoges, 2008.

BARTHES, Roland. A retórica antiga. In: COHEN, Jean et al. Pesquisas de retórica. Petrópolis: Vozes, 1975. p.147-224.

FIORIN, José Luiz. “As figuras de pensamento: estratégia do enunciador para persuadir o enunciatário”. Revista Alfa, São Paulo, 32, pp. 53-67, 1988.

FIORIN, José Luiz. “Semiótica e retórica”. Gragoatá, Niterói, n. 23, p. 9-26, 2. sem. 2007. [https://periodicos.uff.br/gragoata/article/view/33175/19162]

FIORIN, José Luiz. Figuras de retórica. São Paulo: Contexto, 2014.

GREIMAS, A. J. L’écriture cruciverbiste. In: GREIMAS, A. J. Du Sens. Paris: Seuil, 1970, p. 285.

GROUPE μ. Rhétorique générale. Paris: Larousse, 1970.

GROUPE μ. Rhétorique de la poésie. Lecture linéaire, lecture tabulaire. Bruxelas: Editions Complexes, 1977.

GROUPE μ. Traité du signe visuel. Pour une rhétorique de l'image. Paris: Seuil, 1992.

JAKOBSON, R. Dois aspectos da linguagem e dois tipos de afasia. In: Linguística e comunicação. 18a ed. Trad. Izidoro Blikstein e José Paulo Paes. São Paulo: Cultrix, 2001. p. 34-62.

ZILBERBERG, C. Elementos de Semiótica Tensiva. São Paulo: Ateliê Editorial, 2011.

 

Informações práticas

Datas importantes:

  • Submissão das propostas de artigo (uma página) até no máximo 31 de agosto de 2024. Enviar para julianapondian@gmail.com. Assunto: "Dossiê Semiótica e Retórica – proposta artigo". 

  • Resposta sobre as propostas aprovadas: 20 de setembro de 2024.

  • Período de submissão dos artigos em texto integral, cujas propostas foram aprovadas, pela plataforma OJS da revista: de 01 de novembro a 31 de dezembro de 2024. Enviar em:  https://www.revistas.usp.br/esse/about/submissions 

  • Publicação (online) prevista para agosto de 2025.

Alguns detalhes sobre a redação dos artigos:

  • Línguas: português, francês, inglês, italiano, espanhol.

  • Resumos na língua do artigo e em inglês (se o artigo estiver em inglês, o resumo deve ser escrito em uma das outras línguas aceitas).

  • Os artigos submetidos deverão conter de 25.000 a 50.000 caracteres (espaços incluídos).

  • Verificar as normas de formatação da revista.



[English]

Call for papers: Thematic dossier "Semiotics and Rhetoric"

Dossier directed by Juliana Di Fiori Pondian (UFF, Niterói-RJ) and Giovanna Longo (UNESP, Araraquara-SP)

 

Celebrated by the sophists as an exercise of doxa in opposition to aletheia, and for this reason criticized by Plato, Rhetoric was systematized by Aristotle, who defined it as “the faculty of observing, in any given case, the available means of persuasion” (Rhet. I, 2, 1355b). As the ars bene dicendi, it traversed Greco-Roman antiquity and entered the Middle Ages among the liberal arts, forming the Trivium alongside Grammar and Dialectic. As Barthes shows in his famous essay on ancient Rhetoric, over the centuries the ars held a prominent place, enjoyed prestige, but faced decline and fell into disrepute at the end of the 19th century, until it was revived under new perspectives and found a relevant place in the field of discursive studies. 

After the distancing of Rhetoric by formalism, which culminated in the advent of the science of language, the movement of resumption only began with the delimitation of a new object, discourse, established by Benveniste’s studies of Enunciation. But it was Jakobson's study on metaphor and metonymy that paved the way for the definitive rapprochement between the fields from a new perspective. By recognizing in the traditional tropes the synthesis of two universal semantic processes, similarity and contiguity, this study created the conditions for the establishment of a theoretical construct responsible for discursivization, allowing the recognition and analysis of rhetoricity as a condition of discursive production.

In the context of French semiotic studies, throughout the various phases of the theory's development, the dialogue with rhetorical postulates has revealed itself more or less explicitly. One of the few texts by Greimas in which a more direct allusion to rhetorical thought can be recognized, from the perspective of tropology, is "L’écriture cruciverbiste" which was written precisely to compose the volume To Honor Roman Jakobson: essays on the occasion of his seventieth birthday (1967), and later republished in Du sens (1970). In this article, Greimas compares the construction of crosswords to poetic writing, considering it an “antipoetic” after investigating its modes of semantic configuration through operations of expansion and condensation, substitution and permutation (traditional rhetorical operations), in dialogue with the structure proposed by Jakobson for semantic processes.

In the 1960s, a group of scholars and thinkers, the Groupe µ, emerged in Belgium, focusing on constructing what was called a “Linguistic Rhetoric”, i.e., a revival of rhetorical principles, especially concerning figures, based on the parameters of structural linguistics. The group's purpose was to build a General Rhetoric (1970) and then to dedicate themselves to particular rhetorics specific to each language (music, painting, cinema, etc.), but only the Rhetoric of Poetry(1977) and the rhetoric of the image, in the Traité du signe visuel (1992), came to light, followed by a sort of “rhetoric of knowledge” (Principia semiotica, 2015), which has been developed up to the present.

When interest turned to the affective component of discourses, the relations between the areas became more evident. Although the studies inaugurated by the “Semiotics of Passions” (1991) revealed the importance of affects in the configuration of meaning, the analyses undertaken there were almost exclusively in terms of modal syntax and therefore revealed little about the properly sensitive component of passion. It was mainly from Zilberberg's tensive studies that the semiotic model of passions could be expanded, with the development of conceptual tools that allowed the formalization of the sensitive universe, thus consolidating the movement of Rhetoric's resumption by Semiotics. 

In light of recent developments in French Semiotics – which has been focusing on the problem of enunciation, enunciative praxis, semiosis in act, the plane of expression, the sensitive dimension, and affects – the understanding of the properties that condition the modes of discourse functioning and the recognition of the existence of a persuasive dimension inherent to the exercise of language become the point of convergence between Semiotics and Rhetoric, not only as transversal disciplines that dialogue but mainly as areas that intersect, in a movement of rhetorization of Semiotics and semiotization of Rhetoric. 

In Brazil, the works of José Luiz Fiorin stand out, with some published articles (1988, 2007, 2015, etc.) on the articulations between semiotics and rhetoric in general, the problem of argumentation, and the book Rhetoric Figures (2014), which reaffirm the position that discourse theories should inherit rhetoric, which means “Reading it in light of the theoretical problems stated today” (Fiorin, 2007, p. 14). Based on these considerations, issue 21.2 of the journal Estudos Semióticos aims to receive articles that explore the intersections between the areas, whether more theoretical or more applied, contemplating different currents of semiotic thought, revolving around the following axes of reflection:

  • Semiotics and rhetoric: historiography and epistemology

  • Relevance of Classical Rhetoric

  • Rhetorical bases in the constitution of Greimasian semiotic theory

  • The art of persuading and persuasive practice

  • Argumentation, rhetoric, and semiotics

  • Rhetorical figures and the plane of expression

  • Rhetoric in poetic semiotics

  • Rhetoric and Tensive Semiotics

  • The rhetoric of Groupe µ and its developments

  • Rhetoric, visual semiotics, and hybrid languages

  • The rhetoric of identities: Practices, Forms of life

 

Practical information

Important dates:

Details for the text:

  • Languages: Portuguese, French, English, Italian, Spanish.

  • Abstracts in the language of the article and in English (if the article is in English, the abstract must be written in one of the other accepted languages).

  • Maximum length: 50 000 characters, all included.

  • Please refer to the journal's  submission guidelines.

 

 

[Français]

Appel à contributions : dossier thématique "Sémiotique et rhétorique"

Dossier dirigé par Juliana Di Fiori Pondian (UFF, Niterói-RJ) et Giovanna Longo (UNESP, Araraquara-SP)

 

Cultivée par les sophistes comme l’exercice de la doxa en opposition à l'alètheia, et pour cette raison critiquée par Platon, la Rhétorique a été systématisée par Aristote, qui l’a définie comme « la faculté d'observer, dans chaque cas, ce qui est propre à créer la persuasion » (Rhét. I, 2, 1355b). En tant qu’ars bene dicendi, elle a traversé l’Antiquité gréco-latine et est entrée au Moyen Âge, placée parmi les arts libéraux et constituant le Trivium aux côtés de la Grammaire et de la Dialectique. Comme le montre Barthes dans son célèbre essai sur la Rhétorique ancienne, au fil des siècles, l’ars a occupé une place de choix, joui de prestige, mais elle devait connaître un déclin et tomber en discrédit à la fin du XIXe siècle, avant d’être ressuscitée sous de nouvelles perspectives et de retrouver une place de pertinence dans le cadre des études discursives.

Après l’éviction de la Rhétorique par le formalisme, qui a culminé avec l’avènement de la science du langage, le mouvement de reprise n’a commencé qu'avec la délimitation d’un nouvel objet, le discours, établi par les études de l’Énonciation de Benveniste. Mais c’est l’étude de Jakobson sur la métaphore et la métonymie qui a ouvert la voie à un rapprochement définitif entre ces domaines sous une nouvelle perspective. En reconnaissant dans les tropes traditionnels la synthèse de deux processus sémantiques universels, la similarité et la contiguïté, cette étude a créé les conditions pour l’établissement d’un construct théorique responsable de la discursivisation, permettant de reconnaître et d’analyser la rhétoricité comme condition de la production discursive.

Dans le cadre des études sémiotiques rattachées à l'École de Paris, au cours des différentes phases de développement de la théorie, le dialogue avec les postulats rhétoriques s’est révélé de manière plus ou moins explicite. L’un des rares textes de Greimas où l’on peut reconnaître une allusion plus directe à la pensée rhétorique, et encore du point de vue de la tropologie, est « L’écriture cruciverbiste », écrit pour composer – précisément – le volume To Honor Roman Jakobson : essays on the occasion of his seventieth birthday (1967), et republié ensuite dans Du sens (1970). Dans cet article, Greimas compare la construction des mots croisés à l’écriture poétique, la considérant comme une « antipoétique », après avoir examiné ses modes de configuration sémantique à partir d’opérations d’expansion et de condensation, et de substitution et de permutation (opérations rhétoriques traditionnelles), en dialogue avec la structure proposée par Jakobson pour les processus sémantiques.

Toujours  dans les années 1960, un groupe de chercheurs et de penseurs, le Groupe µ, est apparu en Belgique, se consacrant à la construction de ce qui a été appelé une « Rhétorique linguistique », c'est-à-dire une reprise des principes rhétoriques, surtout en ce qui concerne les figures, à partir des paramètres de la linguistique structurale. Le but du groupe était de construire une Rhétorique Générale (1970) puis de se consacrer aux rhétoriques particulières, propres à chaque langage (musique, peinture, cinéma, etc.), mais seules la Rhétorique de la Poésie (1977) et la rhétorique de l’image, dans le Traité du signe visuel (1992), ont vu le jour, suivies d’une modalité de « rhétorique du savoir » (Principia semiotica, 2015), qui est en cours d’élaboration jusqu’à présent.

Lorsque s'est déclaré un regain d'intérêt pour la composante affective des discours, les relations entre les domaines sont devenues plus évidentes. Bien que les études inaugurées par la « Sémiotique des Passions » (1991) aient révélé l’importance des affects dans la configuration du sens, les analyses entreprises se sont presque exclusivement constituées en termes de syntaxe modale et, pour cette raison, révèlent peu sur le composant proprement sensible de la passion. Ce n’est qu’avec les études tensives de Zilberberg que l’on a pu étendre le modèle sémiotique des passions, avec le développement d’outils conceptuels permettant la formalisation de l’univers sensible, consolidant ainsi le mouvement de reprise de la Rhétorique par la Sémiotique.

À la lumière des développements récents de la Sémiotique Française – qui se sont concentrés sur la problématique de l’énonciation, de la praxis énonciative, de la sémiotique en acte, du plan de l’expression, de la dimension sensible, des affects – la compréhension des propriétés qui conditionnent les modes de fonctionnement du discours et la reconnaissance de l’existence d’une dimension persuasive inhérente à l’exercice du langage deviennent le point de convergence entre Sémiotique et Rhétorique, non seulement en tant que disciplines transversales qui dialoguent entre elles, mais surtout en tant que domaines qui se croisent, dans un mouvement de rhétorisation de la Sémiotique et de sémiotisation de la Rhétorique. 

Au Brésil, les travaux de José Luiz Fiorin sont à signaler en la matière, avec quelques articles publiés (1988, 2007, 2015, etc.) sur les articulations entre la sémiotique et la rhétorique en général, le problème de l’argumentation et le livre Figures de Rhétorique (2014), qui réaffirment la position selon laquelle les théories du discours doivent hériter de la rhétorique, autrement dit « la lire à la lumière des problèmes théoriques énoncés de nos jours. » (Fiorin, 2007, p. 14). À partir de ces considérations, le numéro 21.2 de la revue Estudos semióticos se propose de recevoir des articles explorant les croisements entre les domaines en cause, dans une visée plutôt théorique ou plutôt appliquée, en contemplant différents courants de pensée sémiotique, autour des axes de réflexion suivants :

  • La sémiotique et la rhétorique : historiographie et épistémologie

  • L’actualité de la rhétorique classique

  • Les bases rhétoriques dans la constitution de la théorie sémiotique greimasienne

  • L’art de persuader et le faire persuasif

  • L’argumentation, la rhétorique et la sémiotique

  • Les figures rhétoriques et le plan de l’expression

  • La rhétorique dans la sémiotique poétique

  • La rhétorique et la sémiotique tensive

  • La rhétorique du Groupe µ et ses développements

  • La rhétorique, la sémiotique visuelle et les langages hybrides

  • La rhétorique des identités : pratiques, formes de vie

 

Infos pratiques

Dates importantes :

  • Soumission des propositions (une page) au plus tard le 31 août 2024. Envoyer les soumissions à julianapondian@gmail.com.

  • Réponse sur les propositions reçues : 20 septembre 2024.

  • Remise des articles en texte intégral dont les propositions auront été approuvées : du 01 novembre au 31 décembre 2024. Envoyer les articles à travers le site : https://www.revistas.usp.br/esse/about/submissions

  • Publication (en ligne) prévue en août 2025.

Précisions sur la rédaction :

  • Langues de travail : portugais, français, anglais, italien, espagnol

  • Résumés dans la langue de l’article et en anglais (si l’article est en anglais, le résumé doit être produit aussi dans l'une des autres langues acceptées).

  • Longueur maximum : 50 000 caractères.

  • Prière d'observer les  instructions aux auteurs  de la revue.