Percepção e iconicidade, diagrama e mônada
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.1980-4016.esse.2018.144312Palavras-chave:
semiose, percepção, iconicidade, ontologia, semânticaResumo
O campo da semiótica se apresenta, em toda sua generalidade, como um conjunto de multiplicidades acompanhadas de diferentes regras destinadas a estabelecer o que não está contido em tal conjunto. A natureza dessas regras – eis a questão. Na medida em que uma semiose, na definição clássica, procede a um só tempo de uma enunciação (ou seja, de uma ação), de um sentido atrelado a uma expressão e de hipóteses propostas acerca daquilo que existe, real ou ficticiamente, pode-se pensar que a questão consiste em coordenar esses três infinitos sob a forma de um evento a cada vez atual. O fato semiótico revela, nesse particular, toda sua complexidade, mas também toda sua estranheza. Com efeito, como conceber que se possa, simultaneamente, diferenciar e coordenar localmente elementos tão díspares apenas por força de um pensamento? Proporemos conceber tal unidade sob a forma de um ícone. Peirce afirmou, certa vez, que tudo o que é icônico é possível. Sob esse ponto de vista, é legítimo considerar que a iconicidade é um traço essencial da realidade, assim como também o é de certos planos da expressão. Disso decorre que um ícone, ainda quando não corresponda a nada que tenha presença em nosso mundo, contentando-se, por assim dizer, em existir por si mesmo, indica todavia a possibilidade de algum tipo de mundo que se pode, por meio dele, explorar ou sonhar. Se isso puder ser admitido, um ícone deve poder reivindicar alguma forma de verdade. Esse é justamente o ponto que, percorrendo diferentes níveis de análise do ícone, procuraremos elucidar.
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Referências
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