Uma leitura tensiva do suspense em Continuidade dos parques, de Julio Cortázar
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.1980-4016.esse.2024.216742Palavras-chave:
Semiótica tensiva, Enunciação, SuspenseResumo
Este artigo examina, sob o viés da Semiótica tensiva, o efeito de sentido de suspense no conto Continuidade dos parques, de Julio Cortázar. Toma-se como ponto de partida o esquema tensivo canônico ascendente do suspense, que prevê, como cifra tensiva, um aumento paulatino da intensidade, ao mesmo tempo em que a dimensão inteligível do discurso tenderia à diminuição. Com base na definição de suspense apresentada por Claude Zilberberg (2011, p. 136) como “a dilatação extensiva de uma espera intensiva”, defende-se, na análise desse conto, uma complexificação do esquema tensivo canônico, na medida em que o suspense decorre de um jogo de posições enunciativas que se sobrepõem no texto e que configura um percurso tensivo singular, no qual as subdimensões intensivas do andamento e da tonicidade ganham força no final do conto, sem, no entanto, comprometer o exercício da presença da dimensão cognitiva, inteligível, da extensidade, que permanece atuante no campo discursivo, mesmo no momento de surpresa, mantendo, assim, o leitor-enunciatário em um estado de suspensão, próprio da interrogação, mais do que da exclamação.
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