Da situação kafkiana: autoritarismo e irresolução em Memórias do cárcere, de Graciliano Ramos

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.1980-4016.esse.2024.216895

Palavras-chave:

Franz Kafka, Paradoxo, Autoritarismo, Graciliano Ramos, Memórias do cárcere

Resumo

Impulsionado pela sugestiva denominação de ‘atmosfera kafkiana’ que a crítica literária dá à situação de prisão de Graciliano Ramos em Memórias do cárcere (1953), o presente artigo propõe o cotejo da dimensão paradoxal da obra de Kafka, e sua possível relação com situações políticas e jurídicas marcadas pelo absurdo ou pela exceção, com o romance de Ramos. Nesse desiderato, a princípio, poremos em diálogo a obra de Kafka e a de alguns filósofos, a fim de relacionar questões da obra do tcheco com as noções de banalidade do mal, cara a Hannah Arendt, e de estado de exceção, em Giorgio Agamben. Esses pontos nos permitirão atar as duas problemáticas do artigo, em prol de estabelecer em que consiste a dimensão de totalitarismo/autoritarismo e de irresolução constante na obra do escritor tcheco, mas também a dimensão kafkiana na obra de Graciliano Ramos.

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Biografia do Autor

  • Gustavo Maciel de Oliveira, Universidade de São Paulo

    Doutor em Semiótica e Linguística Geral pela Universidade de São Paulo (USP), São Paulo, SP, Brasil.

  • Carolina Lindenberg Lemos, Universidade Federal do Ceará

    Professora adjunta do Departamento de Letras Vernáculas, Universidade Federal do Ceará (UFC), Fortaleza, CE, Brasil.

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Publicado

2024-08-29

Edição

Seção

V. SEMIÓTICA DO DIREITO, CULTURA E ARTE: as representações da justiça e da opressão, na literatura e na música

Como Citar

Oliveira, G. M. de, & Lemos, C. L. (2024). Da situação kafkiana: autoritarismo e irresolução em Memórias do cárcere, de Graciliano Ramos. Estudos Semióticos, 20(2), 169-190. https://doi.org/10.11606/issn.1980-4016.esse.2024.216895