Um percurso de naturalização da violência contra professores
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.1980-4016.esse.2025.229219Palavras-chave:
Semiótica discursiva, Violência contra professores, Violência, ProfessoresResumo
Neste trabalho, investiga-se a construção de um percurso que naturaliza a violência contra professores e professoras por meio de textos sincréticos veiculados em mídias digitais e em redes sociais no ano de 2019 com o objetivo de compreender se uma homenagem do dia dos professores que circulou nesse ano, feita a uma professora morta, constitui uma violência simbólica. Esse foi um ano de grandes mudanças no cenário político brasileiro, o primeiro ano de um governo violento que fez dos docentes um de seus alvos preferenciais. A escolha de se homenagear uma professora morta no exercício da profissão e de colocá-la como exemplo suscitou a pergunta de investigação deste trabalho: como é possível que uma professora se torne uma mártir e essa característica, a despeito de quaisquer outras qualidades necessárias a um docente para o exercício de sua profissão, passe a ser apontada como exemplar? Utilizando a teoria semiótica discursiva de linha francesa, analisa-se esse percurso gerativo de sentido para se chegar à oposição fundamental “sagrado” e “profano”, aliada ao peso da associação da profissão docente às mulheres e do recrudescimento da violência no cenário nacional, centrais no estabelecimento desse percurso.
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