O papel do destinador transcendente nos acontecimentos
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.1980-4016.esse.2024.229382Palavras-chave:
Semiótica, Valores, Narrativa, Afeto, ResoluçãoResumo
Propomos, neste artigo, uma reflexão mais acurada sobre a função de destinador, estendendo-a do universo narrativo para os atuais estudos do acontecimento inesperado. Tomamos como questão inicial o fato de um mesmo fenômeno ser considerado impactante para alguns e indiferente, ou até inexistente, para outros. Assim como o sujeito narrativo reconhece o seu objeto de busca pelos valores que o acentuam e o destacam das demais grandezas do mundo, sendo que essa “valorização” é o resultado das ações persuasivas de um destinador de sua confiança, o sujeito surpreendido pelo que chamamos de acontecimento inesperado também só o distingue como tal se conseguir vislumbrar em seu cerne valores avulsos, ou parte deles, que já lhe foram transmitidos por um de seus destinadores, em algum momento da vida. Na verdade, o acontecimento completo apresenta-se como um arranjo inédito desses valores apreendidos isoladamente pelo sujeito, arranjo este que tende a ser decifrado a seguir, na passagem do impacto afetivo para a sua resolução intelectiva. É nesse intervalo que o sujeito se mostra atônito. Caso inexistisse esse destinador capaz de prepará-lo para identificar tais valores pertinentes e até equipá-lo com valores desconhecidos (ou transcendentes) sequer teríamos um acontecimento.
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