A argumentação colérica em Édipo Rei, de Sófocles

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.1980-4016.esse.2025.232645

Palavras-chave:

Édipo Rei, Retórica, Paixões, Cólera

Resumo

Neste artigo, propõe-se a leitura do embate entre Édipo e Tirésias, da tragédia sofocliana Édipo Rei, à luz da Retórica, de Aristóteles, e da teoria semiótica das paixões (Fontanille; Ditche; Lombardo, 2005; Greimas, 2014), a fim de evidenciar que as paixões, mais especificamente a cólera, longe de serem apenas estratégias discursivas, são fenômenos semióticos que moldam a construção de sentido do texto. Nessa revisita à narrativa encenada entre 429 a.C.-425 a.C., espera-se demonstrar que a comunidade tebana associa a argumentação colérica de Édipo ao mesmo campo semântico que os outros males que assolam Tebas; esse entrelaçamento indicaria que i) a cólera de Édipo, manifestada por meio de um discurso orgulhoso e autoritário, torna-se uma extensão dos próprios desequilíbrios que afligem a cidade; ii) uma argumentação que apela ao éthos e ao lógos, e não ao páthos, possui valor eufórico em um contexto marcado pelo desequilíbrio.

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Biografia do Autor

  • Natália Miranda Fernandes da Silva, Universidade de São Paulo. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

    Possui Graduação em Letras pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil.

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Publicado

2025-08-26

Como Citar

Silva, N. M. F. da. (2025). A argumentação colérica em Édipo Rei, de Sófocles. Estudos Semióticos, 21(2), 200-211. https://doi.org/10.11606/issn.1980-4016.esse.2025.232645